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Moçambique preparado para debater direitos dos LGBT

Joyce Copstein9 de dezembro de 2014

Apesar da forte discriminação dentro das famílias e comunidades, os moçambicanos estão prontos para discutir abertamente direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transsexuais, afirmam movimentos da sociedade civil.

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Mosambik Gay Pride
Foto: LambdaMoz

A temática está cada vez mais presente em conferências e debates públicos, que têm demonstrado interesse, ainda que tímido, no assunto. O cenário é atribuído a atividades de sensibilização para estimular a tolerância e desconstruir ideias negativas sobre a homossexualidade.

Vice-presidente da Liga Moçambicana dos Direitos Humanos, Amílcar Andela assinala que, depois da África do Sul, a sociedade de Moçambique é uma das mais abertas e menos preconceituosas de África em relação ao tema.

Ao mesmo tempo, o Estado resiste à formalização da principal associação que representa essa comunidade, a Lambda. Por isso, a entidade criada há oito anos lançou uma campanha para pressionar o Ministério da Justiça a responder ao pedido feito em 2008. Diretor-executivo da organização, Danilo da Silva salienta que não há motivos jurídicos para a negativa.

"A ideia que eu tenho é que o Estado moçambicano esteja a ser pressionado por algumas forças mais conservadoras da nossa sociedade. Moçambique é um país de África, há questões de sexualidade, papéis de gênero muito hierarquizados. Mas, no fundo, eu não acredito que exista alguma força conservadora que se oponha àquilo que é um direito fundamental: o direito de existência como entidade legal".

Mosambik „Registe Lambda, Registe Igualdade“ Kampagne
Campanha "Registe Lamdba, Registe Igualdade" busca formalizar entidade criada em 2006Foto: LambdaMoz

Mudanças na legislação

Embora não haja registro de condenações por relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo, uma herança da legislação colonial portuguesa de 1886 previa medidas de segurança para a prática de "vícios contra a natureza". O dispositivo poderia ser interpretado como uma vontade do legislador de criminalizar a homossexualidade, mas foi revogado na recente reforma do Código Penal. O novo texto foi aprovado em novembro e aguarda promulgação.

Ainda assim, faltam mecanismos para proteger os LGBT do preconceito no dia-a-dia, como em hospitais e escolas. Situação que Amílcar Andela descreve como "discriminação por omissão":

"É preciso aprovar uma legislação clara. Em muitos países, quando se fala em legislação, pensam que ela vai promover a existência de homossexuais. Eu penso que não. Se houver uma legislação que permita que eles se associem e possam eles mesmos criar instrumentos para a defesa e para a promoção dos direitos deles, não há nenhum problema em relação a isso. É um grupo social, são pessoas que têm direitos e que têm a especificidade de serem pessoas de uma orientação sexual diferente".

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À DW África, o Ministério da Justiça de Moçambique informou que o processo está em trâmite e que não há um posicionamento definitivo sobre o tema.

Apoio da Suécia

Em apoio à causa, a embaixada da Suécia em Maputo decidiu ostentar a bandeira colorida do orgulho LGBT em seus carros oficiais. O objetivo é demonstrar que é contra a discriminação baseada no gênero e na orientação sexual. A ação marca os 16 dias de ativismo pela violência contra as mulheres e o Dia Internacional dos Direitos Humanos, celebrado nesta quarta-feira (10.12).