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Moçambique toma medidas para evitar surto de listeriose

Leonel Matias (Maputo)
6 de março de 2018

Governo suspende importação, venda e consumo de enchidos de duas marcas sul-africanas. A medida segue-se a descoberta na África do Sul de uma epidemia associada aos enchidos, a listeriose, que já provocou 180 mortos.

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Enchidos num frigorífico de uma mercearia em MaputoFoto: DW/L. Matias

Comerciantes ouvidos pela DW África consideram que apesar do mercado moçambicano depender das importações sul africanas espera-se que o impacto da proibição seja minimizado pelo facto da medida abranger apenas duas marcas.

As autoridades já estão a retirar das prateleiras todos os produtos alimentares das marcas sul-africanas Rainbow e Enterprise Food e iniciou esta terça-feira (06.03.) a sua incineração.

A medida abrange todos os produtos enchidos frescos de carnes e frangos, particularmente polony, salsichas, carnes fumadas e salgadas.

Segundo a técnica do instituto Nacional de Atividades Económicas (INAE), Ângela Uamusse, "o INAE está no terreno para garantir a retirada de todos os produtos das prateleiras. Vamos continuar a trabalhar nos mercados, nos hotéis e nos restaurantes."

Mosambik Maputo Zentraler Markt
Mercado Central da Baixa, MaputoFoto: DW/L. Matias

As autoridades afirmam que têm encontrado colaboração por parte dos comerciantes. A Shoprite, uma das principais cadeias de supermercados sul-africanos, afirma que retirou os produtos no domingo (04.03.).

"Na segunda feira (05.03.) de manhã já não havia nenhum produto antes da entrada dos primeiros clientes", garante Danilo Pinheiro, representante da Shoprite em Maputo.

Alternativas

No mercado Central da cidade de Maputo, a DW África ouviu Salomão Júlio Macome, um dos membros da Comissão de vendedores: "Tivemos um problema de um talho e algumas mercearias, uma vez que nós vivemos dependendo dos outros, principalmente da África do Sul, então eles compraram sem saber [que havia a epidemia], mas quando chegou aqui a inspeção os produtos foram retirados e já não há nada".

Questionado se Moçambique não iria registar uma escassez daqueles produtos já que o mercado nacional depende largamente das importações sul-africanas, Salomão Macome afirmou que "não vai haver porque os farmeiros não são os mesmos. Continuam a ser vendidos aqueles produtos mas não daquela marca".

Esta posição é corroborada por António Cumbe, do talho Paloma, na baixa da cidade de Maputo.

Autoridades tomam medidas para evitar surto de listeriose

"Como existem outras marcas acredito que há de haver outras alternativas, porque são simplemente a Enterprise e Rainbow que estão em causa", diz Cumbe com otimismo.

Moçambique sem registo de listeriose

A DW África constatou por exemplo que o polony (um tipo de salsicha) vendido naquele talho é de origem portuguesa, mas da marca sul-africana Superfecta.

Moçambique ainda não registou qualquer caso de listeriose, mas as autoridades apelam para o não consumo daqueles produtos.

A Chefe do departamento de epidemiologia na Direção Nacional de veterinária, Florência Cipriano, advertiu que "mesmo a sua conservação [dos enchidos] nas nossas casas juntamente com produtos que não carecem de cozimento estão sujeitos a contaminação."