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Megaprojetos desfalcam outros setores em Moçambique

3 de outubro de 2012

Atraídos por altos salários das empresas envolvidas nos megaprojetos em Moçambique, muitas pessoas estão a largar empregos estatais e cursos universitários para tentar a sorte grande. Mas o resultado não agrada a todos.

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Megaprojetos em Moçambique
Megaprojetos em MoçambiqueFoto: DW/M. Barroso

Em Moçambique, estudantes da Faculdade de Geologia da Universidade Eduardo Mondlane estão a abandonar os cursos para trabalharem nos megaprojetos.

A situação deve-se aos salários aliciantes que as empresas mineradoras ofecerem. Também atraídos pela oportunidade são os técnicos de alto escalão do Ministério dos Recursos Minerais. Acabam largando tudo para se deslocar a Tete. As condições de trabalho são tentadoras.

Êxodo em massa

Isto surge numa altura em que o executivo moçambicano se está a desdobrar em esforços na formação de técnicos superiores para enfrentar os desafios dos megaprojetos. Boaventura Mondlane, diretor da Faculdade de Geologia, explica:

“O que o nosso departamento está a enfrentar agora é que os estudantes estão a ser empregados antes de acabar o curso. Terminam o segundo ano e já no meio do terceiro vão para o setor produtivo, onde são treinados e começam a trabalhar. Isto é um problema, porque apesar de estarmos a admitir cerca de 30 a 35 estudantes, estamos a graduar muito pouco.”

O que está a faltar na formação dos técnicos superiores para enfrentarem os desafios dos megaprojetos são equipamentos nos laboratórios e bibliotecas. Uma falta que termina por limitar as admissões no curso de Geologia.

Barragem de Cahora Bassa, na província de Tete
Barragem de Cahora Bassa, na província de TeteFoto: DW/M. Barroso

“Continuamos a ter constrangimento de ter poucas salas para aulas, poucos gabinetes. Continuamos a não poder expandir o número de ingressos", esclarece Boaventura Mondlane.

De olho no futuro

Funcionários com mais experiência do Ministério dos Recursos Minerais também estão a se mudar para Tete, atraídos por oportunidades melhores. Fala-se entre seis e dez mil dólares, contra 1.500 a dois mil pagos pelo estado, nos departamentos para os quais os funcionários trabalham atualmente.

Até ao momento, dez técnicos do alto escalão já abandonaram o Ministério para trabalhar nos megaprojetos, explica Marta Pecado, do Ministério dos Recursos Minerais. “O que estamos a tentar fazer é admitir mais técnicos e capacitá-los", conta enfatizando que parte das formações é destinada a estudantes que trabalham para o estado e parte para quem opera em empresas e universidades.

Para o período de 2010 a 2020, o executivo esboçou um plano de formação de técnicos para enfrentar os desafios dos mergaprojetos e os resultados já são visíveis.

Hidroelétrica de Cahora Bassa
Hidroelétrica de Cahora BassaFoto: DW/M. Barroso

“Penso que o esforço que está a ser feito, olhando para aquilo que as universidades estão a fazer, está na mesma linha da implementação da estratégia que desenhamos, em colaboração com as universidades, as empresas. Todos estes setores são chamados a implementar esta estratégia. As próprias empresas estão a capacitar. Temos memorandos assinados pelas empresas que estão a oferecer bolsas, as empresas estão a fazer treinamento dentro e fora do país", diz Marta Pecado.

As mineradoras, desde que começaram a operar no país, queixaram-se da falta de mão de obra qualificada de origem moçambicana. Muitos moçambicanos estão, neste momento, a ser formados fora do país, na área de recursos minerais, para trabalhar nos megaprojetos.

Autor: Romeu da Silva (Maputo)
Edição: Bettina Riffel / Helena Ferro de Gouveia

02.10.21 Moçambique - Geologia - MP3-Mono