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Marido de Valentina Guebuza condenado a 24 anos de prisão

Leonel Matias (Maputo) | Lusa
23 de janeiro de 2018

Zófimo Muiane foi condenado a uma pena de 24 anos de prisão e 50 milhões de meticais de indemnização pelo assassinato da esposa, Valentina Guebuza, filha do ex-Presidente moçambicano Armando Guebuza, em dezembro de 2016.

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Foto: DW/L. Matias

A sentença foi lida esta terça-feira (23.01) no Tribunal Judicial de Maputo perante uma audiência repleta de gente, incluindo familiares de Valentina Guebuza, entre eles o pai, o ex-chefe de Estado Armando Guebuza.

Durante a leitura do acórdão, a juíza da causa, Flávia Mondlane, afirmou que ficou provado durante o julgamento que Zófimo Muiane, 44 anos, matou deliberadamente a esposa, na altura com 36 anos, com um tiro no tórax e outro no abdómen, no quarto da residência do casal, no bairro da Polana Cimento, coração da capital moçambicana.

Além de homicídio qualificado, o réu foi condenado por violência psicológica, falsificação de documentos de identificação e uso indevido de arma de fogo.

O tribunal apontou como situações agravantes o facto de o arguido não demonstrar arrependimento durante o julgamento e não ter colaborado com a Justiça.

Marido de Valentina Guebuza condenado a 24 anos de prisão

Tribunal exclui hipótese de acidente

Zófimo Muiane declarou-se sempre inocente, alegando que Valentina Guebuza perdeu a vida durante uma disputa pela pistola que a vítima terá arrancado da cintura do marido para o expulsar de casa sob ameaça. "Tudo o que disseram é fabricação", afirmou Muiane na última sessão.

Mas, segundo a juíza Flávia Mondlane, "os peritos em balística descartaram a possibilidade de ter sido um tiro acidental".

Segundo o Ministério Público, o casal tinha problemas e a vítima queixava-se de maus-tratos e de violência doméstica. Os padrinhos e uma colaboradora da vítima relataram que estiveram na habitação do casal antes do homicídio para tentar resolver uma crise no casamento. 

Na ocasião, Valentina Guebuza pediu a separação do marido durante algum tempo para que a situação se apaziguasse, mas Muiane, que era gestor da empresa estatal de telefonia móvel Mcel, recusou a separação, refere o Ministério Público.

Maputo, Mosambik Zófimo Muiane vor Gericht
Ex-Presidente de Moçambique, Armando Guebuza, assistiu à leitura da sentença no tribunalFoto: DW/L. Matias

Defesa pediu pena máxima

Ao longo de oito sessões de julgamento, iniciado a 18 de dezembro, foram ouvidas 15 pessoas, entre padrinhos e amigos do casal, peritos em medicina legal e criminalistas.

Os advogados da família Guebuza exigiam a pena máxima e, ao ouvirem a sentença, consideraram que foi feita justiça. 

"É lógico que, representando a família Guebuza, não nos podemos dar por satisfeitos, porque a vida da Valentina nunca será devolvida. Creio que o mais importante era que Valentina aqui estivesse e, não estando, ainda há este vazio. Em todo o caso, há aqui que salientar que foi feito um trabalho muito meritório", afirmou um dos advogados da família, Alexandre Chivale.

Por seu turno, a defesa do arguido mostrou-se inconformada com a sentença e prometeu recorrer.

"Não vamos discutir a sentença neste momento, mas achamos que foi injusta. Houve muita pressa por parte do tribunal. Nós levantámos questões pertinentes e não foram observadas com calma", referiu Amadeu Uqueio, advogado de Zófimo Muiane.