Manuel Inocêncio Sousa aposta na experiência para vencer presidenciais em Cabo Verde

Desde o dia 21 de Julho, início oficial da campanha, Manuel Inocêncio Sousa tem privilegiado ações porta a porta, comícios por todo o país, encontros com empresários e agentes produtores de cultura, mulheres e jovens quadros.

Por onde passa, o candidato reafirma a sua intenção de ser um presidente de ação, disposto a dar o seu contributo para a resolução dos problemas dos cidadãos.

A estratégia, diz Inocêncio Sousa, está a resultar: “Sentimos um crescendo da adesão durante esta semana, o que era imprevisível para um período tão curto. Mas crescemos muito desde o início da campanha e também durante esta semana. Em alguns pontos do território tivemos crescimento muito forte, nomeadamente na [Cidade da] Praia. O que sinto é que a idéia passou – muito particularmente, na juventude cabo-verdiana”, avalia.

Quanto às críticas dos adversários de que a sua passagem pelo governo fará dele uma espécie de ministro na Presidência da República, Inocêncio Sousa diz que se trata de uma tentativa de desvalorização da sua proposta, até por que os adversários já se renderam ao seu discurso: “A minha experiência de governação é que me permite, exatamente, avançar com essa proposta de exercício da Presidência”, afirma.

Desempenho nas eleições terá influência na liderança do partido governista

Manuel Inocêncio Sousa, 60, é o candidato oficialmente apoiado pelo Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, no poder). Foi ministro de Estado (uma espécie de vice-Primeiro ministro) e de Infraestruturas, Transporte e Telecomunicações, além de já ter ocupado o cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros entre 2001 e 2002, quando o PAICV venceu as legislativas e conseguiu sair de dez anos de oposição.

De acordo com a agência noticiosa Lusa, a responsabilidade de "representar" o PAICV nas presidenciais é grande, já que a liderança do partido poderá ser posta em causa se Inocêncio Sousa – apoiado pelo Primeiro ministro José Maria Neves – obtiver votação inferior a Aristides Lima, que concorre como independente, mas tem o apoio “tácito” do presidente cabo-verdiano Pedro Pires. Este representa a ala mais conservadora do PAICV.

Ainda segundo a Lusa, o percurso e a amizade construídos ao longo dos últimos 10 anos com José Maria Neves levou Inocêncio Sousa a ganhar um consequente maior peso na estrutura partidária.

“Arrogância” versus “timidez”

Manuel Inocêncio Sousa é considerado, por uns, arrogante pelo porte que ostenta, e, por outros, alguém que esconde a timidez. “Para mim, é um ser de exceção. Aprendi muito, realmente as pessoas que o apelidam de ‘antipático’, de ‘arrogante’, são pessoas que nunca lidaram com ele, ou [dizem isso] puramente por mandato”, disse à Deutsche Welle a esposa do candidato, Francisca.

Na espécie de “primárias” do PAICV às presidenciais, o engenheiro civil Manuel Inocêncio Sousa derrotou o ex-deputado e advogado David Hopffer Almada no segundo turno. Aristides Lima foi derrotado pela primeira volta. A candidatura de Inocêncio Sousa é assim considerada o corolário de uma ascensão construída “pacientemente”. Virtude que, segundo a Lusa, “lhe é reconhecida pelos seus mais próximos”.

Autor: Nélio dos Santos (Cidade da Praia) / com agência Lusa
Edição: Renate Krieger / António Rocha