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Líder da oposição quer protestos como no Egito

4 de outubro de 2012

Moçambique celebra 20 anos de paz nesta quinta feira (4.10), entretanto, o líder da RENAMO, o maior partido da oposição, mostrou-se insatisfeito com a situação política do país e pede ao povo que saia à rua.

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Afonso Dhlakama
Afonso DlhkamaFoto: Ismael Miquidade

Afonso Dhlakama, líder da RENAMO, não está contente. Principalmente no que diz respeito a revisão do pacote eleitoral e a reforma no Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE). Para protestar, prometeu manifestações nesta sexta feira (5.10). A intenção é pressionar a FRELIMO, o partido no poder, a dialogar.

Protestos como no Egito

Afonso Dhlakama, que falava à TVM, na Zambézia, centro de Moçambique, quer que a FRELIMO reveja o pacote eleitoral e leve a cabo as reformas da estrutura dos órgãos eleitorais, particularmente do STAE.

Ele queixa-se ainda da partidarização das instituições do Estado e comenta que a democracia, está em perigo por falta de diálogo com a FRELIMO.

"Se tudo isto não for observado, podem rezar. Podem fazer festa agora, porque isso termina no dia quatro. A partir de cinco de outubro, a situação será outra. Poderá haver calma se Armando Guebuza entender. Eu estou disposto a negociar para todos", ameaça Dhlakama.

O líder do maior partido da oposição considera que as manifestações serão iguais às registradas no norte do continente africano. Ele tranquiliza, porém, dizendo que não se travará uma guerra. Segundo ele, os resultados apenas dependerão do partido no poder e do presidente da República Armando Guebuza.

"Deixo tudo nas mão de Guebuza e da FRELIMO. Eu já cumpri o meu papel. Já mostrei aos jovens, aos jornalistas, a todos que sou um homem da paz e de boa fé. Agora, é preciso que o outro lado cumpra."

Discurso pode assustar população

Armando Guebuza prometeu em abril considerar reclamações da oposição
Armando Guebuza prometeu em abril considerar reclamações da oposiçãoFoto: picture alliance/landov

Brazão Mazula, responsável pelo Observatório Eleitoral, disse que Dlhakama foi um dos signatários da paz e que por isso precisa dar bom exemplo: "Ele é o primeiro que deve querer a paz e saber encontrar todas as vias de não violência, como também foi possível há 20 anos, assinado o Acordo Geral de Paz como recusa a violência para resolver qualquer tipo de conflito e problema interno."

A oposição moçambicana apela a Dlhakama para pautar pelo diálogo. "Não esqueça que todas as famílias moçambicanas estiveram de luto por causa da guerra. O silêncio significa se reconciliar, em nome da paz. Aquelas pessoas que sobreviveram, quando ouvem esse tipo de discurso ficam preocupadas", explica Jacub Sibinde, do Partido Independente de Moçambique.

"Manifestação não é a melhor opção"

O líder do partido Verde de Moçambique, João Massango, acredita que o poder precisa ser pressionado a aceitar dialogar com a oposição, mas não por via das manifestações.

"Nós sabemos perfeitamente que o poder não aceita as coisas com facilidade. É preciso pressionar, mas por meio do diálogo. Eles acabarão cedendo. É exatamente isso que nós queremos: que por meio do debate, o país possa crescer", esclarece Massango.

A possibilidade de Moçambique voltar a viver uma guerra assusta as pessoas
A possibilidade de Moçambique voltar a viver uma guerra assusta as pessoasFoto: picture-alliance/dpa

Recorde-se que em abril deste ano, o presidente Armando Guebuza garantiu que esteve sempre aberto ao diálogo e que a Renamo deve apresentar os assuntos que não estiverem bem. "Para temas relevantes, estamos sempre abertos para fazer alterações que possam ser necessárias", disse na altura, o presidente de Moçambique.

Afonso Dlhakama realçou que os 20 anos de paz e tranquilidade política e militar em Moçambique aconteceram graças a RENAMO.

Autor: Romeu da Silva (Maputo)
Edição: Bettina Riffel / Helena Ferro de Gouveia