1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Lula reafirma compromisso com África no Fórum Social Mundial

8 de fevereiro de 2011

No Fórum Social Mundial, Lula da Silva destacou a importância da autonomia de países africanos. A política externa do Brasil deverá mudar em relação a países violadores de direitos humanos.

https://p.dw.com/p/QzC1
Lula da Silva, o ex-presidente do Brasil, apela ao continente africano para que corte os laços de dependência com as antigas e novas potências coloniaisFoto: Renate Krieger/DW

"Sem ingerências externas, África pode construir o seu desenvolvimento econômico e social, a sua democracia e sua inserção soberana no mundo". As palavras são do ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que participou esta segunda-feira no Fórum Social Mundial na capital senegalesa, Dacar.

O discurso de Lula ecoou o pedido de vários militantes reunidos no Senegal – pedido que exorta o continente africano a tomar as rédeas do próprio destino. "Esse continente precisa de cortar, de uma vez por todas, os laços de dependência com as antigas e novas potências coloniais", disse Lula, durante um painel intitulado África, Globalização e Geopolítica, no qual participou também o presidente senegalês, Abdoulaye Wade. Em seguida, Lula disse a jornalistas: "nós precisamos de transformar os problemas de África num debate político mundial".

Estreitando laços

Weltsozialforum Dossierbild 3/3
Mulheres senegalesas apelando para a preservação do direiro da terra, numa marcha em DacarFoto: AP

Na primeira aparição pública oficial após deixar a presidência do Brasil, Lula reiterou aquele que deverá ser um dos principais objetivos do instituto que vai fundar até ao fim de abril: o de se concentrar em obras e ações em África. Nesse contexto, a imprensa brasileira considera a atuação de Lula no Fórum Social Mundial oportuna para a imagem do antigo dirigente.

Em oito anos de mandato, o ex-presidente do Brasil aumentou a projeção internacional do seu país. Muitas das iniciativas brasileiras aconteceram nas relações entre países do hemisfério Sul e o continente africano ganhou destaque nas relações exteriores do Brasil. Lula ficou conhecido como o presidente brasileiro que mais viajou para o continente africano, abrindo aí 16 embaixadas. "Sem transposição de modelos, tenho certeza de que África tem todas as condições de trilhar um caminho [de desenvolvimento] análogo ao do Brasil", disse Lula.

Vantagens futuras

No campo dos negócios, o Brasil também teve uma atuação pronunciada no continente africano, com destaque para as empresas Vale, Petrobras e Odebrecht. Mas, para além destes "grandes nomes", há pouca diversificação de companhias brasileiras em países como Angola, criticou o ativista de direitos humanos Rafael Marques, em setembro do ano passado, em entrevista à Deutsche Welle.

"Quem domina as relações diplomáticas entre o Brasil e Angola é a Odebrecht – e é claro que é uma empresa extremamente privilegiada, tanto pelo governo brasileiro quanto pelo angolano", disse Marques, na ocasião.

Alguns militantes de esquerda ouvidos pela Deutsche Welle durante o Fórum Social Mundial também questionaram investimentos brasileiros e chineses em África, temendo a exploração do continente por países emergentes em busca de matérias-primas.

Em dezembro do ano passado, o jornal brasileiro Folha de S. Paulo publicou um artigo, no qual fazia um balanço da diplomacia da era Lula, destacando que "a política de não condenar países acusados de violar direitos humanos" tinha relação com uma "expectativa de apoio em disputas futuras".

Autor: Renate Krieger

Revisão: Nádia Issufo/Marta Barroso