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Lufthansa interessa-se por biocombustível de Moçambique

17 de maio de 2011

A companhia áerea alemã quer comprar biocombustível, derivado da jatropha, de Moçambique. A Lufthansa planeia testar a sua viabilidade com o objetivo de diminuir as emissões de dióxido de carbono que aquecem o clima.

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Na imagem a jatropha. O cultivo desta planta em Moçambique é bastante controverso por inúmeros motivos, um deles é por ser considerada uma planta oportunistaFoto: DW/ Martin Vogl

De facto, uma parte do biocombustível que a Lufthansa vai misturar com o tradicional querosene fóssil, já está a ser importada de Moçambique. O responsável da Lufthansa pelo desenvolvimento de biocombustíveis para a aviação, Joachim Buse, voltou de uma viagem a vários países onde a companhia aérea alemã está a estudar as possibilidades de compra de biocombustivel.

Segundo Joachim Buse a sua empresa está a estudar sobretudo as possiblidades de comprar o biocombustível no Brasil, na Indonésia e na África Austral. Já no âmbito das pesquisas este responsável da Lufthansa acrescenta: "Estivemos também em Moçambique, mais precisamente na zona fronteiriça com o Zimbabué, ou seja em Chimoio, onde visitamos diversos projetos de cultivo de jatropha"

Jatropha Nüsse liefern Biosprit
A atribuição de terras para o cultivo da jatropha também causa polémica no país. Alguns acham que nem sempre se atribuem terras marginais para o seu cultivoFoto: CC/Ton Rulkens

Negócio vantajoso para as duas partes

A jatropha é uma planta resistente à seca que exige pouca ou nenhuma utilização de fertilizantes, o que se considera ser uma coisa boa. No entanto, é também sabido que as plantações de jatropha podem ter graves impactos na produção de alimentos na região, principalmente se se expandirem.

Até agora ainda não se fizeram estudos conclusivos de sustentabilidade do biocombustível da jatropha. Joachim Buse é - no entanto - de opinião que esta planta é - sim - sustentável e o negócio terá bons efeitos, tanto para a parte alemã, como para a parte moçambicana e garante que "todos os estudos mostram que Moçambique é um país particularmente vocacionado para a produção de jatropha."

Joachim Buse conta que a vantagem que a sua empresa vê nesta cooperação com uma companhia em Moçambique é que neste país africano os óleos da jatropha são produzidos de forma sustentável. Segundo Buse "a empresa com a qual cooperamos em Moçambique está certificada e avaliada muito positivamente do ponto de vista ambiental."

O segredo é alma do negócio

O responsável da Lufthansa pelo desenvolvimento de biocombustíveis para a aviação não quis adiantar o nome da empresa envolvida no negócio em Moçambique. No entanto já há algum tempo a agência de notícias portuguesa, Lusa, publicara um artigo, em que se referia que os representantes da empresa alemã terão visitado as quintas da Sunbiofuel Moçambique, multinacional británica, que cultiva a jatropha numa área de 2.500 hectares e cuja produção atual está calculada em 1,5 mil toneladas de óleo por hectare, cifra que deverá atingir quatro mil toneladas até 2013.

Atualmente essa empresa emprega 1.300 trabalhadores nas suas quintas em Moçambique. Segundo a mesma fonte a Lufthansa pretende adquirir 40 mil toneladas de óleo de jatropha, quantidade que poderá triplicar nos primeiros três anos da implementação do projeto para o uso de biocombustível nos seus aviões.

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Algumas ONGs em Moçambique acreditam o conflito de terras é um falso problema. O que dever ser criado, segundo elas, é uma boa política de produção de biscombustíveisFoto: DW-TV

Lufthansa satisfeita com esclarecimento do governo moçambicano

A Lufthansa em Moçambique não vê grandes conflitos entre o uso das terras para a produção de biocombustíveis, e o uso das mesmas para a produção de alimentos: Joachim Buse explica: "O ministro moçambicano da energia contou-nos que em Moçambique existe uma regra muito clara que diz que plantas que servem de alimento não podem ser utilizadas para a produção de biocombustíveis."

O responsável da companhia alemã explicou ainda que a produção de jatropha é também possível em solos degradados que - devido à sua aridez - não servem para a produção de alimentos.

De salientar que a procura de biocombustível por parte das companhias de aviação civil tem vindo a aumentar consideravelmente. A Lufthansa, assim como outras companhias, assinou um memorando internacional em que se obriga - a partir de 2020 - a crescer sem aumentar as emissões de CO2. Por isso irá aumentar considerávelmente a proporção de biocombustível e diminuir a parte de combustível produzido à base de petróleo.

Autor: António Cascais
Revisão: Nádia Issufo/António Rocha