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Livro sobre Congresso do PAIGC lançado em plena caça ao voto

João Carlos (Lisboa)1 de abril de 2014

O jurista guineense João Bernardo Vieira lançou em Lisboa as memórias do VIII Congresso do PAIGC. O autor traduziu para livro os acontecimentos que marcaram o momento particular do principal partido da Guiné Bissau.

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Apoiante do PAIGC com a bandeira do partido durante as eleições de 2009Foto: picture-alliance/dpa

Pouco mais de um mês após a realização do evento de Cacheu, João Bernardo Vieira lança “Memórias do VIII Congresso do PAIGC”, por intermédio da editora portuguesa Minerva.

O autor conta em primeira mão o conteúdo da obra: "O livro fala de liderança, de espirito de equipa e também de uma certa esperança."

João Bernardo Vieira lembra ainda a dimensão que o encontro tem: "Como sabe o congresso do PAIGC é um dos momentos políticos mais importantes na Guiné-Bissau, porque o PAIGC tem uma dimensão nacional, ultrapassa a esfera meramente política e quando há um congresso do PAIGC o país fica quase parado."

Portanto, o autor "entende que é preciso traduzir por escrito todas essas convivências."

O jurista guineense, sobrinho do assassinado Presidente da Guiné-Bissau, “Nino” Vieira, coloca nas 100 páginas do livro os meandros da discussão durante duas semanas sobre o futuro do PAIGC (Partido para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde), fundado por Amílcar Cabral, que conduziu à luta de libertação contra o jugo colonial.

Sentido de oportunidade eleitoral?

Nino Vieira Präsident Guinea Bissau
Nino Vieira, ex-Presidente guineense, assassinado em março de 2009Foto: picture-alliance/ dpa

O Congresso gerou muita expetativa, mas também criou um sentimento de muita insegurança aos fundadores do partido, acabando por se confundir com a fase de pré-campanha.

E o autor reconhce: "De facto, é isso. O que traduzi no livro é meu entendimento que este congresso foi um dos mais competitivos, um dos mais disputados, porque havia duas personalidades com convicção, tanto da parte de Domingos Simões Pereira, como da parte do nosso camarada Braima Camará, que são duas pessoas convictas."

Por isso para o autor o congresso "teve uma dimensão à americana", mas ele refere que acabou bem "porque somos todos camaradas dentro do PAIGC."

Bernardo Vieira participou no anterior congresso em Gabú, no mês de julho de 2008, o que lhe inspirou a escrever estas memórias: "Devo dizer que se quiser saber sobre o I congresso do PAIGC, ode Cassacá que é muito conhecido, não encontrará informação nenhuma. Se quiser saber do II congreso de Madina de Boé, também não tem informação."

Era um projeto que já trazia em mente, ao longo de ano e meio marcado por adiamentos sucessivos do evento: "Este ano e meio que o congresso foi protelado permitiu-me ir escrevendo algumas coisas, ir traçando as linhas gerais, como eu queria que o livro fosse."

O autor concluiu que "depois bastava juntar o últil ao agradável, que foi esperar que o congresso chegasse, e tentar traduzir tudo aquilo que aconteceu para o papel, e foi isso que eu fiz."

Os mais críticos poderão questionar o período escolhido para o lançamento destas memórias, quando decorre no país a campanha eleitoral para as legislativas e presidenciais do próximo dia 13 deste mês de abril.

Possibilitar melhor entendimento sobre o PAIGC

Guinea Bissau Afrika PAIGC
Sede do PAIGC em BissauFoto: DW

O momento em Cacheu ficou marcado por divergências de opiniões e contradições que fazem parte da vida de um partido.

O importante, como sublinha Vieira, é que este foi um congresso de esperança: "Espero que este momento e que este livro sirvam para que as pessoas tenham consciência de toda a dinámica que se passa no congresso."

Ele pretende registar o testemunho de parte da história da Guiné-Bissau: "Se for preciso daqui a 15 ou 20 anos se se quiser saber o que aconteceu no congresso de Cacheu já terão uma base de análise."

Para o jovem jurista, também administrador da Entidade Reguladora da Guiné- Bissau, este exercício de registo documental tem a sua utilidade.

O autor do livro, que também será apresentado em Bissau, acredita num rumo diferente na vida do partido criado, em 1956, agora mais moderno e mais virado para as questões fundamentais de desenvolvimento do país.

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