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Lançamento próximo da missão de paz internacional no Mali

Peter Hille28 de junho de 2013

A nova missão das Nações Unidas no Mali, que está prestes a começar, reúne um consenso: não vai ser fácil assegurar a paz, tanto mais que ela ainda não reina em todo o país.

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Capacetes azuis da ONUFoto: picture-alliance/dpa

As Nações Unidas (ONU) vão enviar 12 000 soldados ao Mali para ajudar o país a regressar à normalidade. A missão, de nome MINUSMA (Missão Integrada da ONU para a estabilização do Mali) começa no dia 1 de julho. Os problemas para as tropas internacionais não se resumem aos rebeldes. São também de ordem logística. E as expectativas em torno da missão são muito grandes, o que representa outro lastro.

A ONU está ciente dos factos. A partir do hotel na capital maliana, Bamako, onde tem um escritório improvisado, o chefe da missão, Bert Koenders, esclarece o Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre o andamento dos preparativos. "Vamos ser confrontados logo no início com dois desafios importantes: a concretização do acordo de paz provisório e a realização das eleições”. Para Koenders, o êxito destes passos iniciais dependerá da capacidade de ganhar a confiança dos malianos e de reorientar o Mali para a estabilidade.

A ONU começou por hesitar

O Governo do Mali acaba de concluir um acordo provisório com os rebeldes tuaregue no norte do país. No final do mês de julho deverá ser eleito um novo Presidente, de modo a assegurar a estabilidade e democracia após ano e meio de caos político. Em março de 2012, soldados do exército maliano assumiram o poder após um golpe de Estado em Bamako. Ao mesmo tempo, rebeldes tuaregue e grupos islamistas conquistaram o norte do país. No outono do ano passado, o Governo pediu ajuda militar às Nações Unidas. Mas a organização hesitou.

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Assinatura do acordo de paz provisório a 18 de junho de 2013Foto: AHMED OUOBA/AFP/Getty Images

Os rebeldes só se começaram a retirar para o deserto quando a França, antigo poder colonial, interveio em 2013. Soldados africanos nomeadamente do Chade apoiaram os exércitos maliano e francês no âmbito da AFISMA, sigla para " Missão de Suporte Internacional liderada pela África no Mali ".

Expectativas exageradas são contraproducentes

Agora a AFISMA será substituída pelos soldados, polícias e especialistas em desenvolvimento da MINUSMA. 6 000 soldados africanos da missão anterior permanecem no Mali, e serão parcialmente integrados no projeto da ONU. À MINUSMA, liderada pelo ex-ministro holandês para a Política do Desenvolvimento, compete agora assegurar a frágil paz no país. O que inclui proteger a população dos ataques de grupos rebeldes, para o que poderá recorrer à força das armas, em caso de necessidade.

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A MINUSMA deverá facilitar o regresso dos refugiados às suas casasFoto: DW/K. Gänsler

Além disso, a MINUSMA foi encarregada de combater a fome e a doença no Mali, facilitar o regresso de centenas de milhares de refugiados e tornar operacionais as câmaras municipais e esquadras da polícia. O ministro da Defesa alemão, Thomas de Mazière, reconhece que não são tarefas fáceis: "Precisamos de paciência em África. Isto pode vir a ser difícil. Aprendemos que o início das missões não deve ser acompanhado por expectativas desproporcionais. Devemos avaliar as oportunidades e os riscos da missão com sobriedade e realismo".

A Alemanha participa na missão

Cerca de 150 soldados alemães apoiarão a missão da ONU no Mali, depois do Parlamento Federal Alemão ter dado o seu aval na quinta-feira, 27 de junho. Mas o mandato alemão exclui a participação em eventuais combates armados. Em vez disso, os soldados participarão no transporte de homens e material, na reparação e manutenção de equipamentos, no abastecimento aéreo de aviões e na formação de soldados malianos, como já têm vindo a fazer. 

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Soldados alemães apoiam a missão de paz no MaliFoto: Bundeswehr/PIZ Eins FüKdo

Na perspetiva de logística, a MINUSMA é considerada uma das missões mais difíceis de sempre das Nações Unidas. O chefe da missão, Koenders, exige da comunidade internacional o financiamento célere, para que os seus colaboradores estejam rapidamente em condições de trabalhar. O que toca também os soldados da África Ocidental já estacionados no Mali no âmbito da missão AFISMA, e cujo equipamento apresenta, muitas vezes, debilidades.

O risco para os homens no terreno é elevado

Na videoconferência, o chefe da missão fez questão em “expressar o meu apreço aos soldados da AFISMA pela empenho e a coragem nos esforços de estabilização do Mali. E volto a apresentar as minhas condolências às famílias dos soldados mortos". É possível que esta não seja a última vez que Koenders terá que consolar as famílias de soldados mortos. Pois também sob a égide das Nações Unidas, a sua tarefa será assegurar a paz num país onde ela ainda não reina.

Lançamento próximo da missão de paz internacional no Mali