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Lançada em Luanda aplicação para fiscalizar pleito em Angola

13 de maio de 2017

Aplicação "Zuela" foi lançada, este sábado (13.05), em Luanda. Cidadãos esperam que a ferramenta digital ajude a promover a transparência do pleito, mas criticaram limitação do uso da tecnologia.

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Symbolbild NSA Überwachung Handy
Foto: imago/avanti

A aplicação "Zuela" - palavra oriunda do Kimbundo, língua nacional angolana predominante no norte do País que significa “fala” em português - é um projeto da Friends of Angola (Amigos de Angola, em português), uma organização não governamental (ONG) sediada nos Estados Unidos. A "Zuela" já havia sido apresentada em janeiro aos partidos políticos, corpo diplomático acreditado em Angola e sociedade civil organizada.

Este sábado (13.5), foi apresentada ao público na capital angolana, Luanda. Por meio desta aplicação, os cidadãos poderão fiscalizar as eleições - enviando mensagens e fotografias que serão arquivadas na base de dados. Para isso, é preciso que os usuários baixem o dispositivo nos smartphones, telemóveis android ou computadores.

"Com estes telemóveis conectados à internet, os cidadãos poderão mandar as suas mensagens ou fotografias sobre eventual irregularidade sobre as eleições”, disse o investigador e docente universitário, acrescentando que “não será apenas para mandar denúncias sobre eleições, apesar de ser o assunto do momento. Poderão também ser enviadas informações sobre violação de direitos humanos, má governação e corrupção," disse Domingos da Cruz, representante da ONG norte-americana em Angola.

Journalist Domingos da Cruz
Jornalista, ativista e professor Domingos da CruzFoto: DW/J. Carlos

Destino dos dados recolhidos

Os cidadãos presentes durante o lançamento da aplicação, apresentaram algumas inquietações sobre como ter acesso aos dados enviados e o seu destino. "Os cidadãos não poderão ter acesso às mensagens que mandam. Elas estarão na base de dados da 'Zuela", explicou Domingos da Cruz. "As mensagens serão encaminhadas a algumas organizações internacionais e à imprensa," concluiu.

Segundo domingo da Cruz, foi firmada uma parceria com organizações internacionais que trabalham em pról dos direitos humanos e da democracia, como a Amnistia Internacional, para o uso dos dados.

Ativistas criam app para monitorizar eleições em Angola

A DW África conversou com alguns cidadãos presentes no ato do lançamento da aplicação "Zuela". Adão Ramos, da organização não governamental Plataforma pela Inclusão considerou a iniciativa "fabulosa". "Penso que deviam surgir mais iniciativas do género para fiscalizar não apenas o acto de voto mais todo processo eleitoral," disse.

Os partidos políticos da oposição angolana continuam a denunciar atos que alegadamente colocam em causa a transparência das eleições gerais angolanas, previstas para 23 de agosto. Adão Ramos diz que a aplicação vai ajudar para se aferir a "verdade eleitoral", porque "não basta que as eleições existam, é necessário que no fim das mesmas todos possamos estar felizes por termos tido um processo bom, transparente, justo, credível e acreditarmos que os resultados refletem a vontade do povo, dos eleitores, expressas nas urnas".

Acesso limitado

Outro cidadão presente ao evento, Walter Ferreira, questionou as condições para se ter acesso à aplicação. Para ele, nem todos poderão usar o "Zuela" por falta de acesso às tecnologias necessárias. Por este motivo, Ferreira tem dúvidas quanto aos resultados.

"Não temos condições, do ponto de vista humano, para que estas iniciativas possam ter resultados bons. Nem todos têm telemóveis com acesso à internet, nem computador," argumentou.

Walter Ferreira apelou ainda à conscencialização dos cidadãos "em relação à fiscalização do processo eleitoral, porque a nossa cidadania ainda é muito partidarizada".