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Lago Kivu é fonte de energia para o Ruanda

22 de junho de 2012

No Lago Kivu no Ruanda, no leste de África, encontra-se uma matéria-prima preciosa: gás metano. Este pode vir a ser uma fonte de rendimentos tão valiosa como o petróleo. Mas pode também conduzir ao desastre.

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Lightning illuminates the sky above the Kibbie Dome and the University of Idaho in Moscow, Idahao, on Sunday, Aug. 28, 2011. The lightning storm could have sparked new fires in the area Sunday night. (AP Photo/Ted S. Warren)
Symbol Shitstorm Blitze GewitterFoto: AP

Às  margens do Lago Kivu, 200 trabalhadores constroem o que deverá se tornar um projecto modelo no Ruanda, no Leste de África. Aos poucos, eregem uma plataforma destinada à extração do metano subaquático, 13 quilómetros ao largo da costa.

Aqui serão instaladas condutas que levarão o gás a instalações maiores no país, onde o metano será transformado em electricidade. O engenheiro Roy Morter, que trabalha para uma empresa norte-americana, chefia os trabalhos.

Morter já construiu muitas centrais de energia, mas afirma ser esta uma experiência única. "Nunca fiz nada semelhante. É verdade que a central de energia não é muito diferente das nossas. Mas é a primeira vez que trabalho com estas ferramentas de extracção", diz.

Extração do gás metano

A plataforma é montada em terra, de onde será arrastada para o meio do lago, com várias torres de perfuração com mais de 30 metros de altura, que sugam o metano do fundo do mar. O dióxido de carbono assim extraído volta a ser lançado para o lago Kivu. Alguns especialistas receiam que este processo seja perigoso.

A plataforma é montada em terra, de onde será arrastada para o meio do lago, com várias torres de perfuração com mais de 30 metros de altura
A plataforma é montada em terra, de onde será arrastada para o meio do lago, com várias torres de perfuração com mais de 30 metros de alturaFoto: DW / Irene Anastassopoulou

Trata-se do primeiro no seu género e ninguém sabe ao certo como vai reagir o lago. Nos anos 80 do século passado, o dióxido de carbono surgido de um lago matou mais de 1.700 pessoas. Há quem, por isso, chame a lagos como o Kivu lagos assassinos.

Mas Roy Morter não tem dúvidas: não vai acontecer nada. Pelo contrário, diz, a extracção do metano reduz o perigo. O engenheiro compara o processo com uma garrafa de champanhe.

"Quando a pressão escapa, as bolhas sobem. Se extrairmos metano e dióxido de carbono de camadas a mais de 400 metros de profundidade, estamos, por assim dizer, a extrair as bolhas", explica.

Tal como uma rolha já não salta da garrafa de champanhe que perdeu a pressão, os gases também não subirão mais à superfície do lago, garante o engenheiro.

Autosuficiência energética

O projecto de exploração de metano custa cerca de 150 milhões de dólares norte-americanos. Numa primeira fase, deverão ser produzidos 25 megawatts. Prevê-se o arranque da produção para o final deste ano. Mais tarde, as capacidades deverão ser aumentadas até 100 megawatts.

Serão instaladas novas condutas para levar o gás metano a instalações maiores no país
Serão instaladas novas condutas para levar o gás metano a instalações maiores no paísFoto: DW

"O Ruanda deixará de ter preocupações com o fornecimento de energia. Por isso, este projecto é tão importante e é por isso que estamos a cooperar estreitamente com o Governo ruandês", avalia o engenheiro Roy Morter.

A central deverá produzir energia suficiente para abastecer todo o país e até algum excedente para exportar. O que, para o Ruanda, pode ser o equivalente a um salto no desenvolvimento. O metano do lago assassino teria para o país o mesmo valor que um jazigo de petróleo.

Autoras: Antje Diekhans/Cristina Krippahl
Edição: Cristiane Vieira Teixeira/António Rocha

22.6 Ruanda metano - MP3-Mono