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"Karamba Diaby e bifes de gorila" - os temas africanos escolhidos pelos jornais alemães

António Cascais20 de setembro de 2013

Um alemão "senegalês" candidata-se ao parlamento alemão. O islamismo ganha terreno no norte de África. Carne de caça africana comercializada na Europa - são alguns dos títulos de reportagens publicadas na imprensa alemã.

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Themenbild Presseschau
PresseschauFoto: Fotolia

Karamba Diaby é um dos candidatos do partido Social Democrata (SPD) ao Parlamento federal. Se for eleito, no próximo domingo (22.09), será o primeiro deputado negro no Bundestag. Vários meios de comunicação alemães aproveitam para publicar retratos deste homem que desde 1985 vive na cidade de Halle, no leste da Alemanha.

Tv alemã: A cor da pele não conta

O segundo canal da televisão pública da Alemanha, ZDF, entrevistou Karamba Diaby e vários cidadãos alemães, nas ruas da cidade de Halle. O teor das entrevistas é o seguinte:

"Não é a cor da pele que conta, mas - sim - a competência do candidato. "Uma senhora de meia idade diz: "O importante é ele ser simpático e nunca se esquecer dos interesses daqueles que ele representa". O próprio Karamba Diaby diz que não gosta de falar da sua cor da pele. Também não gosta muito de falar de casos de racismo ocorridos na Alemanha: "Não gosto de falar, mas é certo que o preconceito existe, sobretudo no leste da Alemanha, onde as pessoas estão menos habituadas ao convívio de diferentes culturas." Karamba Diaby não quer esconder o problema. Mas por outro lado - diz Diaby - "seria um erro apontar com o dedo aos alemães do leste, dizendo que todos eles - na sua generalidade - são racistas. "Na reportagem da ZDF sublinha-se repetidamente que Diaby vive na Alemanha há quase três décadas, é casado há 12 anos com uma alemã do leste e pai de duas crianças.

SPD-Landesparteitages Sachsen-Anhalts in Magdeburg Dr. Karamba Diaby
Dr. Karamba Diaby: ele é um dos candidatos social-democratas ao parlamento federal. Vive na cidade de Halle, no Estado leste-alemão da Saxónia-AnhaltFoto: picture-alliance/dpa

Historiador europeu: estou pessimista em relação à África

O diário de Berlim Neues Deutschland publica um comentário do historiador, perito em assuntos africanos, Stephen Ellis. Na opinião deste professor da Universidade neerlandesa de Leiden, o continente africano necessita de líder com visão e perspetiva.

Há 10 anos eu era mais otimista em relação à África do que sou hoje, escreve Ellis. Mas cheguei à conclusão que o continente africano não está a aproveitar as muitas oportunidades para dar um salto qualitativo no seu desenvolvimento económico, social e cultural. Atualmente entra muito dinheiro em África, mais do que nunca. Existem quadros qualificados em grande número, sobretudo em grandes países como a Nigéria e Gana. Mas os líderes políticos não parecem interessados num desenvolvimento sustentável e a longo prazo. Para onde vai o dinheiro? Uma coisa é certa: Continua a não haver investimento, sobretudo num setor primordial para o desenvolvimento do continente: a indústria produtiva.

Ölplattform in Nigeria
Plataforma de petróleo na Nigéria: para onde vão os recursos, questiona o historiador Stephen EllisFoto: AP

Magrebe: "jiahidistas" avançam a passos largos

O jornal suiço de língua alemã, Neue Zürcher Zeitung, publica uma vasta reportagem sobre a crescente influência dos denominados "jihadistas" muçulmanos, um pouco por todo o Magrebe. O título da reportagem: "Terra fértil para os islamistas no Magrebe"

Militantes islâmicos tentam erigir novas bases nas sociedades pós-revoluncionárias no norte de África. Na Tunísia e na Argélia esses grupos são combatidos pelos exércitos oficiais. Na Líbia, pelo contrário, eles práticamente não enfrentam qualquer resistência. De salientar que muitos dos combatentes, recentemente expulsos do Mali, refugiaram-se nos países vizinhos do norte de África. Aí juntaram-se a grupelhos já existentes. Na Tunísia, por exemplo, existe um grupo de nome "Okba Ben Nafi", inspirado num histórico conquistador muçulmano. Esse grupo tem por objetivo construir uma estrura forte nas montanhas de Chaambi, para depois avançar para a jihad, a guerra santa, na Tunísia.

Tunesien Politische Kämpfe über die Staatsverwaltung
A Tunísia é um dos países do Magrebe que que o islamismo está a ganhar terreno. Na foto: paragem de autocarros na cidade de TunisFoto: DW/K. Ben Belgacem
Gorillas Virunga Nationalpark Ostkongo
Gorila levado "às cavalitas" no parque nacional de Virunga, no leste do Congo. Há quem comercialize ilegalmente a carne dos animaisFoto: DW/S.Schlindwein

250 gramas de carne de gorila podem valer 8.500 euros

A revista Der Spiegel publica uma reportagem sobre um negócio ilegal que está a enriquecer alguns: a venda de carne de caça africana.

Chouriços de carne de leão, bifes de gorila, de antílope ou de crocodilo - centenas de toneladas de carne de caça são exportadas ilegalmente, também para a Europa. Os amigos dos animais selvagens estão alarmados, mas também as autoridades sanitárias: é que a carne de caça contém frequentemente agentes patogénicos transmissíveis aos humanos. Muitos dos consumidores europeus não estão conscientes dos riscos. Sentem uma certa avidez por alimentos exóticos. Alguns chegam mesmo a pagar oito mil euros, e mais, por 250 gramas de carne de gorila.

"Karamba Diaby e bifes de gorila" - os temas africanos escolhidos pelos jornais alemães