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“Investigação a vala comum é necessária ”

Helena Ferro de Gouveia25 de maio de 2016

O presidente do MDM, Daviz Simango, considera que Moçambique viola os direitos humanos e que motivos políticos estão a travar a investigação das denúncias de valas comuns.

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Daviz Simango, líder do MDMFoto: DW/J. Beck

Nas últimas semanas foram encontrados corpos abandonados no centro de Moçambique e a denúncia da existência de uma vala comum, com mais de uma centena de cadáveres, levou o Alto Comissariado das Nações Unidas a pedir esclarecimentos às autoridades moçambicanas.

A Procuradoria-Geral da República que tomou conta do caso garante até hoje não ter encontrado a vala comum e assegurou que irá continuar a averiguar o caso.

Em entrevista à DW África o líder do Movimento Democrático de Moçambique fala dos fatores que dificultam a investigação. Daviz Simango considera ainda que o que passa no país é de particular gravidade e que Moçambique poderá ser rotulado como uma nação que viola os direitos humanos.

DW África: Na sua opinião o que é necessário ser feito para investigar estes casos?

Daviz Simango (DS): No meio de tudo isso há o receio do país ser notificado como inviável em termos de Direitos Humanos e isso explica que as autoridades moçambicanas estejam relutantes em colaborar com todos aqueles que tenham denunciado descobertas de corpos humanos enterrados em valas comuns ou simplesmente depositados de forma imprópria.

O que está a acontecer é que quer ao nível da província de Manica quer da província de Sofala há relatos e confirmação pela parte dos populares de terem sido vistos corpos. Agora cabe ao Governo de Moçambique permitir a livre circulação das pessoas de modo a que os investigadores e as autoridades possam investigar.

No caso concreto da nossa Procuradoria é sabido como é que os magistrados chegam às posições de alto nível. São pessoas indicadas pelo Chefe de Estado, que lhe são leais e é difícil que essas pessoas possam contrariar tudo o que vá contra a vontade dos governantes.

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DW África: Será necessária na sua opinião uma investigação internacional para evitar que seja feita uma investigação parcial?

DS: Penso que todo o tipo de investigação para clarificar e deixar as pessoas tranquilas é fundamental. Portanto não vejo nenhum obstáculo a qualquer tipo de investigação internacional e independente.

Agora há uma Comissão Parlamentar que vai fazer esse trabalho, mas naturalmente esses parlamentares quando chegarem ao local serão guiados por autoridades governamentais, o que significa que seguirão o caminho que convém.

A nossa posição [MDM] é que de facto há corpos, há cadáveres espalhados e isso é mau para um país como o nosso, que acaba de entrar na rota de um país que viola os direitos humanos. Nós entendemos que os mortos têm direito à dignidade de um funeral condigno.

DW África: Que papel é que tem tido a Comissão Nacional de Direitos Humanos criada pelo presidente moçambicano, se é que tem tido algum?

DS: Daquilo que se sabe até hoje não movimentaram palha e não movimentaram palha porquê? Significa que estão atados e se estão atados significa que têm compromissos.

Deviam ser eles os primeiros a ir ao terreno, deviam ser os primeiros a reagir e não andarem a reboque do Governo para tomarem as suas posições.

Karte Mosambik Chemba Portugiesisch
Os corpos foram encontrados no distrito de Macossa, na fronteira entre Gorongosa, na província de Sofala, e Macossa, na província de ManicaFoto: DW