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Instituto Goethe está há 50 anos na Nigéria

7 de dezembro de 2012

O Instituto alemão Goethe realiza em Lagos até ao dia 10 de dezembro um ambicioso festival de cultura para assinalar os cinquenta anos da sua fundação.

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Preparativos para o festival
Preparativos para o festivalFoto: Martin Baasch/GI

No centro de Lagos, o coreógrafo Richard Siegal dirige os ensaios com jovens homens e mulheres num velho salão que já conheceu dias melhores. Siegal é norte-americano, mas vive na Alemanha. Os dançarinos são oriundos da Nigéria, dos Camarões e do Senegal. Agora ensaiam o espetáculo de abertura do festival de cultura.

Cartaz de 1985 - cantora alemã Joy Fleming vai até à Nigéria com o patrocínio do Instituto Goethe
Cartaz de 1985 - cantora alemã Joy Fleming vai até à Nigéria com o patrocínio do Instituto GoetheFoto: DW/T.Moesch

Tal como este acontecimento junta artistas da Alemanha, da Nigéria e de outros países, também nos passados 50 anos o Instituto Goethe construiu pontes entre mundos. O instituto foi inaugurado em 1962, dois anos depois da Nigéria se tornar independente.

Primeiro, o teatro

Sunday Umweni é a “memória” humana do Instituto Goethe na Nigéria.

Sunday Umweni
Sunday UmweniFoto: DW/T.Moesch

Até à sua reforma em 2011, Umweni ajudou a criar os programas durante 40 anos. E ajudou a realizar a exposição sobre a história do instituto. É com prazer que recorda o trabalho desenvolvido no final da década de 60.

Nessa altura, era o teatro que estava no centro das atividades, com destaque para dramaturgos da etnia ioruba, como Hubert Ogunde e Duro Ladipo.

Trabalhámos com esses mestres famosos do teatro durante cerca de cinco anos”, recorda. Mas quando Ogunde e Ladipo se estabeleceram, o instituto começou a fomentar vários grupos de teatro mais jovens.

Os primeiros passos

O fomento de jovens talentos autóctones é um fio condutor do trabalho do instituto nos cinquenta anos de presença em Lagos. Também a escultora Ndidi Dike beneficiou deste princípio. Em 1987, a artista jovem e inexperiente abandonou a sua terra natal no sudeste do país para se estabelecer em Lagos, que era, na altura, a capital da Nigéria.

O instituto alemão cedeu-lhe espaço para uma exposição. Dike expôs as suas esculturas em madeira, que lembram totens. Foi aqui que Dike lançou a sua carreira:

Para compreender a influência do instituto Goethe na cena cultural nigeriana dos últimos 50 anos”, diz. “Basta ver a lista de exposições dos artistas críticos da Nigéria. Todos eles tiveram, no início das suas carreiras, o patrocínio do Instituto Goethe, que acreditou neles. Antes de serem descobertos pelo público, já o instituto reconhecia o grande talento destes artistas.”

Ir ao encontro da cidade

Para além das áreas culturais tradicionais, como o cinema, teatro, pintura e música, o Instituto Goethe também mostrou sempre grande abertura para formas mais experimentais. Marc-André Schmachtel, que dirige o instituto há dois anos, aposta em arte que expressa a vida em Lagos.

Marc-André Schmachtel, diretor do Instituto Goethe na Nigéria
Marc-André Schmachtel, diretor do Instituto Goethe na NigériaFoto: GI Lagos

Recentemente, o instituto convidou artistas nigerianos que vivem na Alemanha a deslocar-se a um dos bairros mais emblemáticos da cidade:

Eles trabalharam com as pessoas na rua. Por exemplo, fizeram graffitis com a ajuda dos habitantes no local”, lembra Schmachtel. “Na altura, sair do instituto para ir ao encontro das pessoas foi uma novidade. Este é um aspeto que continuamos a desenvolver.”

Dificuldades

Muitas vezes, Schmachtel e os seus colegas não têm mesmo outro remédio, porque as instalações atuais, num andar de um edifício de betão de Lagos, não têm espaço para grandes espetáculos.

Aliás, a falta de instalações financeiramente comportáveis na cidade de Lagos já por algumas vezes pôs em causa a continuidade do instituto nesta cidade. Em 2010, o Goethe chegou a não ter sequer instalações. Até os cursos de alemão tiveram que ser interrompidos.

Agora, o diretor Schmachtel planeia juntar-se a outros institutos de cultura europeus, interessados em ocupar instalações adequadas.

Autor: Thomas Mösch (Lagos) / Cristina Krippahl
Edição: Guilherme Correia da Silva / António Rocha

Instituto Goethe está há 50 anos na Nigéria