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Entidades CPLP esperam estabilidade política no Brasil

Thiago Melo31 de agosto de 2016

Mesmo com opiniões divididas a respeito da destituição da Presidente Dilma Rousseff, entidades aguardam aquecimento da economia brasileira para retomar investimentos.

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Foto: Reuters/U. Marcelino

Chegou ao fim nesta quarta-feira (31.08) o julgamento de impeachment da Presidente Dilma Rousseff, em Brasília. Por 61 votos a 20, os senadores da República decidiram pela destituição da Presidente afastada. Dilma é a segunda Presidente a sofrer impeachment em pouco mais de 20 anos no Brasil. O último Presidente cassado foi Fernando Collor, em 1992. Agora, o Presidente interino Michel Temer assumirá o cargo em defintivo durante os dois anos restantes do mandato de Rousseff.

A mudança no poder brasileiro deverá afetar as relações internacionais do país. Membros de organizações da indústria e do comércio da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) esperam que o Brasil alcance a estabilidade económica e política em breve e que mantenha investimentos que foram feitos nos últimos anos em África.

O Presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Sotavento, em Cabo Verde, Jorge Spencer Lima, não vê com otimismo a destituição da Presidente Dilma Rousseff. Segundo Lima, os avanços que tiveram nos últimos anos deveram-se aos esforços dos Governos de Luís Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

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Jorge Spencer LimaFoto: CCIS

Retrocesso

“As relações comerciais em África sempre estiveram num plano secundário relativamente ao Brasil. Tivemos um esboço com o Presidente Sarney, mas que depois não teve continuidade. O Presidente Lula fez um esforço, e a Presidente Dilma estava dando continuídade a este esforço em relação a África. Mas ainda tem um longo caminho a percorrer para que as relações económicas e políticas entre o Brasil e a África estejam no ponto certo e no lugar onde queremos que estejam”, afirma.

Segundo Lima, a saída de Dilma Rousseff do poder representa um atraso nas relações entre Brasil e África. “Nós pensamos que a saída da Presidente Dilma acaba por ser um retrocesso, porque vai se começar de novo (aquelas relações). E não vislumbramos, por parte do poder público brasileiro, uma política clara e assumida relativamente ao continente africano, particulamente aos países africanos de expressão portuguesa. Salvo em Angola, onde há uma presença muito forte do Brasil”, pontua.

Política externa brasileira

O Presidente da Confederação Empresarial da CPLP, Salimo Abdula, espera que a mudança de Governo no Brasil não provoque alterações na política externa do país em relação aos Estados membros da comunidade, em especial os PALOP.

“Nós temos sentido um interesse nos últimos anos do Brasil, pelo menos com relação a Moçambique como uma potência de investimentos, assim como em Angola e na Guiné-Equatorial. Esperemos que não haja alterações radicais nesta política de cooperação nos nossos países da CPLP, em especial nos membros dos PALOP”, diz Abdula.

Nos último anos, só em Moçambique, o Brasil investiu cerca de 9 mil milhões de doláres (mais de 8 mil milhões de euros) em volume de negócios. São projetos nas áreas de máquinas e equipamentos, alimentação e bebidas, habitação e construção, medicamentos, eletrodomésticos, madeira e móveis, indústria química e capacitação, bem como na formação de mão de obra.

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Brasil tem investimentos em diversos setores de MoçambiqueFoto: DW/M. Barroso

Mas, nos últimos dois anos, a presença do Brasil no mercado moçambicano foi enfraquecida. Segundo o diretor-executivo adjunto da Confederação das Associações Económicas de Moçambique, Eduardo Sengo, a crise política e económica brasileira prejudicou o andamento da maioria destes projetos no país.

“Primeiro, porque envolvia fundos públicos; segundo, porque as empresas que estão envolvidas nesses projetos estavam a ser investigadas no Brasil; terceiro, porque quando a agência mãe no Brasil não está bem, isso repercute para os outros, de certa forma, em termos de decisão de investimentos. Estou a falar dos últimos dois anos: final de 2014, todo o ano de 2015 e, agora, 2016”, esclarece.

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Eduardo espera uma renovação da política e da economia do Brasil, para que os investimentos sejam retomados.

“A nossa perspetiva é que, com o relançamento da economia brasileira, comecemos a ver que há uma estabilização nos últimos meses. Com este relançamento da economia brasileira, e com a possibilidade de alguns projetos serem ativados ou até projetos que estavam em curso possam ser resolvidos com a dinâmica necessária”.

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