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Idosos morrem abandonados na Zambézia

Marcelino Mueia (Quelimane) 26 de maio de 2014

Pelo menos três mendigos idosos morrem por semana na cidade de Quelimane, província da Zambézia, centro de Moçambique. Corpos acumulam-se nos necrotérios sem que parentes e familiares os reivindiquem.

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Mendigos recebem esmolas à porta das mesquitas e das lojas de muçulmanos nas sextas-feirasFoto: DW/C. Fernandes

Todos os dias, crianças e idosos percorrem longas distâncias para pedir esmola nas principais avenidas da cidade de Quelimane, capital da Zambézia. O fluxo aumenta principalmente nas sextas-feiras, quando concentram-se em frente a mesquitas e padarias para receberem algo para comer.

Muitos dos pedintes são pessoas com mais de 60 anos, oriundas de diversas áreas da província, fato que chama atenção de setores da assistência social dos municípios maiores.

O ingresso de idosos na mendicância é um fenômeno que tem crescido na Zambézia. Muitos são expulsos de suas próprias residências por familiares, acusados de feitiçaria.

Desamparados e, muitas vezes, vítimas de maus tratos, são obrigados a se deslocar até os principais centros urbanos para tentar sobreviver da caridade da população.

Moisés Caetado, chefe de departamento da Ação Social na Direção Provincial da Mulher e da Ação Social na Zambézia, considera a situação preocupante:

"É realmente muito triste essa situação de idosos que aparecem no centro da cidade, em situação de emergência, porque nem tiveram tempo de carregar a sua própria roupa para poderem se retirar da residência habitual a procura de apoio."

Por outro lado a mendicidade cresce a um ritmo assustador na Zambézia por causa da pobreza.

Fraquezas dos centros

Devido ao maior número de idosos que carecem de assistência alimentar, psicológica e moral, quatro centros abertos de apoio à velhice foram criados nos distritos de Morrumbala, Gurué, Inhassunge, Mocuba, e Quelimane - alguns dos quais não oferecem comodidade.

Mesmo com estes centros, há gente daquela faixa etária a pulularem pelas ruas durante o dia a procura de esmola.

Mosambik – Institut für Soziale Sicherheit
Edifício do Instituto Nacional para Segurança Social em QuelimaneFoto: DW

"Eu sinto que, se for por uma questão cultural, então, se calhar, nós todos somos passíveis de cair nessa situação de violência porque nós todos caminhamos para a velhice."

Conforme a vereadora de Saneamento e do Meio Ambiente de Quelimane, Zaida Milato, são removidos, em média, três cadáveres de idosos por semana. Os corpos não são reclamados por qualquer parente ou amigo.

Orçamento reduzido

Mosambik – kostenlose Mahlzeiten für arme Senioren
Idosos carenciados almoçam num centro de caridade em QuelimaneFoto: DW/C. Fernandes

Por causa disso, segundo Milato, há necessidade de massificar as campanhas envolvendo vários setores para sensibilizar as comunidades a fim de evitarem práticas que levem ao desamparo do idoso.

“Neste momento em que falamos, há dez corpos não reclamados de idosos", informa.

A província da Zambézia não tem suporte financeiro de organizações não Governamentais que apoiem nesta área.

A concepção do subsídio básico social disponibilizado pelo Governocom vista a melhoras a assistência dos idosos não é o suficiente para suprir tais necessidades.

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