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Histórico do MPLA defende fim da liderança de dos Santos

22 de novembro de 2017

É a opinião de Ambrósio Lukoki. Mas o politótologo Agostinho Sicato entende que se João Lourenço assumir a presidência do partido corre o risco de se desviar dos seus ideais.

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João Lourenço (esq.) e José Eduardo dos Santos (centro) durante a reunião do Comité Central do MPLA (03.02.17)Foto: Getty Images/AFP/A. Rogerio

"A verdade é que, como partido MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola], temos que acabar com o "José Eduardismo" para sempre", afirmou numa uma conferência de imprensa, em Luanda, esta terça-feira (21.11), Ambrósio Lukoki.

O antigo embaixador de Angola na Tanzânia disse que, durante os quase 40 anos de governação, José Eduardo dos Santos só soube fazer mal ao povo e cometeu atos de corrupção e de nepotismo.

Ango,la Ambrosio Lukoki
Ambrósio LukokiFoto: DW/B. Ndomba

"O "José Eduardismo" é o tal reinado com absolutismo de quase 40 anos", prosseguiu o histórico membro do partido no poder desde a independência de Angola, em 1975.

Angola vive uma profunda crise financeira e cambial desde 2014 causada pela quebra nas receitas com a exportação de petróleo, situação que obrigou as autoridades a lançarem várias medidas de austeridade e de limitação no acesso a divisas nos bancos.

Ambrósio Lukoki acusou o atual presidente do MPLA de não ter conseguido resolver o problema durante a presidência do país. "José Eduardo prometeu que em seis meses íamos ultrapassar a crise, porque era só um choque. Esse choque que estamos a viver até hoje", criticou.

A DW África tentou, sem sucesso, o contacto com a direção do MPLA.

João Lourenço na liderança do MPLA?

Na opinião do politólogo Agostinho Sicato, as declarações do ex-embaixador representam "a voz de um grupo de militantes do MPLA que quer também que as coisas sejam melhoradas", a nível interno do partido e no país. "E um deles que está a juntar-se a esta voz é o próprio Presidente da República, João Lourenço", acrescentou.

Histórico do MPLA defende fim da liderança de dos Santos

Segundo Ambrósio Lokoki, a presença de José Eduardo dos Santos está a causar mal-estar no seio do partido. E sugere que João Lourenço, que é também o vice-presidente dos "camaradas", assuma a liderança.

No entanto, o politólogo Agostinho Sicato entende que, se isso acontecer, João Lourenço poderá desviar-se dos ideais que está a defender.

"Se for presidente do MPLA será obrigado a ter que seguir milimetricamente os ideais do partido. E João Lourenço já mostrou claramente que não está com nenhum ideal do MPLA, está a andar com o discurso que a oposição apresentou", referiu Agostinho Sicato.

Agostinho Sicato reiterou, contudo, que o partido deve encontrar um sucessor para José Eduardo dos Santos, pois o ex-chefe de Estado angolano já fez a sua parte. "O MPLA não vai a lado bom com José Eduardo dos Santos, porque este já fez a sua parte. Em Angola já tivemos indivíduos que disseram que José Eduardo foi um enviado de deus para governar Angola. O MPLA tem sempre pessoas capazes", rematou o politólogo.

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