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Há mais de 50 milhões de refugiados no mundo

Sofia Diogo Mateus / Lusa20 de junho de 2014

O Dia Mundial do Refugiado celebra-se esta sexta-feira (20.06). Em Angola, a guerra terminou há 12 anos, mas ainda há 100 mil dos 600 mil refugiados fora do país. Processo de repatriamento está em curso.

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Refugiados angolanos em São João, Huambo, em 1999Foto: picture-alliance / dpa

De acordo com o gabinete em Luanda para o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), 26 mil refugiados da Guerra Civil deverão regressar ainda este ano a Angola.

Este é o numero de pessoas que demonstraram interesse em regressar a Angola, sendo que a maioria destas pessoas – 24 mil – devem proceder da República Democrática do Congo, onde se encontra grande parte dos refugiados angolanos. Os outros dois mil estão na Zâmbia.

Reabertura do processo

O processo de repatriamento foi suspenso no final de 2012, após o regresso de cerca de 23 mil pessoas. Foi também nesta altura que o estatuto de refugiado angolano deixou de ser válido.

Armut in Angola Luanda Rückkehr Flüchtlinge
Refugiados angolanos na Namíbia abrigam-se em tendas no Cunene, em 2012, durante o processo de repatriamentoFoto: ESTELLE MAUSSION/AFP/GettyImages

“Naquela altura ainda se encontravam mais que 100mil angolanos refugiados nos países limítrofes, particularmente na Zâmbia e na República Democrática do Congo. Vamos agora ajudar os restantes angolanos que se encontram nos tais países a regressar para Angola quando quiserem. Quer dizer nem todos querem voltar, há outros que querem ficar no país de acolhimento”, admite Hans Lunshof, representante da ACNUR em Angola.

De facto, a maioria dos refugiados escolhe ficar no país de acolhimento. Dos cerca de 100 mil refugiados ainda fora de Angola, 50 mil indicaram à ACNUR querer ficar no Congo. O país ofereceu a possibilidade de integração local a todas as pessoas que manifestarem esse interesse, facilitando vistos de emigração a quem ficar.

Já na Zâmbia, a questão é um pouco mais problemática.

“No lado da Zâmbia, consoante os acordos de julho do ano passado, existe um grupo de cerca de 23 mil pessoas. Deste grupo algumas já foram transportadas, quase 700, numa operação que terminou em março", indica Salvatore Sortino, chefe da missão Angolana da Organização Internacional de Migração (IOM).

"Ainda assim há um grupo de pessoas que não regressou e que não fará parte dos 10 mil vistos de residência para integração local”, acrescenta.

Ou seja, ficarão na Zâmbia cerca de 10 mil pessoas sem estatuto legal definido, segundo a ACNUR. A IOM diz que estas podem e devem regressar ao país em pequenos grupos.

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Refugiados não vão ser todos repatriados

Além destas questões, a ACNUR está a tentar expedir o processo para completar o transporte de todos os refugiados ainda este ano, algo que provavelmente pode não acontecer, defende Hans Lunshof.

“O Governo de Angola e o ACNUR gostariam de fechar este capítulo este ano, então estamos a reunir esforços para apoiar este movimento de repatrimento este ano. Vamos ver onde vamos chegar”, avança.

“O tempo é muito curto e as chuvas começam em finais de setembro, outubro, o que vai dificultar os movimentos a partir de algumas partes da República Democrática do Congo, por isso é urgente que comecemos rápido este repatriamento a partir da RDC", explica Hans Lunshof.

A ACNUR adianta que os fundos que tem para o processo - cerca de 1,7 milhões de euros - poderão ser insuficientes, esperando angariar mais dinheiro depois do arranque da operação.

Italien Flüchtlinge gerettet 8.6.2014
Em Itália, todas as semanas são reportados casos de centenas de imigrantes africanos capturados no mediterrâneo na tentativa de chegar à costa europeiaFoto: picture alliance/dpa

Porém, há queixas por parte de alguns angolanos repatriados sobre a falta de preparação do governo angolano para a recepção de antigos refugiados. A Deutsche Welle tentou contactar o Ministério da Assistência e Reinserção Social em Angola, mas não obteve respostas.

50 milhões de refugiados em todo o mundo

Mais de 50 milhões de pessoas estavam deslocadas à força em 2013, o valor mais elevado desde a Segunda Guerra Mundial, refere a agência da ONU para os Refugiados (ACNUR) num relatório divulgado esta sexta-feira (20.06), em Genebra.

Em conferência de imprensa, o alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres, afirmou que havia 10,7 milhões de novos deslocados em 2013 e 2,5 milhões de novos refugiados, o que caracterizou como "um aumento colossal".

Segundo o relatório "ACNUR, Tendências Globais 2013", no final de 2013, o número de deslocados fora ou dentro dos seus países atingiu 51,2 milhões, entre os quais 16,7 milhões de refugiados.

Esse total representa um aumento de seis milhões de pessoas deslocadas em relação aos 45,2 milhões de 2012, que incluíam 15,4 milhões de refugiados.

A guerra na Síria é uma das principais causas do aumento, sendo que no ano passado o conflito gerou 2,5 milhões de refugiados e 6,5 milhões de deslocados internos, com grandes deslocações de população a ocorrerem também na República Centro-Africana e no Sudão do Sul.

No relatório indica-se que do total de refugiados no mundo, 2,56 milhões são originários do Afeganistão, 2,47 milhões da Síria e 1,12 milhões da Somália.

Os principais países de acolhimento de refugiados são o Paquistão (1,6 milhões), Irão (857.400), Líbano (856.500), Jordânia (641.900) e Turquia (609.900).

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