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Guineenses sancionados pela CEDEAO protestam em Bissau

Braima Darame (Bissau) | Lusa
18 de fevereiro de 2018

Grupo de 19 personalidades acusa organização de ser injusta e imparcial e diz que sanções foram encomendadas por Domingos Simões Pereira. Os 15 deputados expulsos do PAIGC afirmam que Acordo de Conacri ficou sem efeito.

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Protesto em frente à sede da CEDEAO em BissauFoto: DW/B. Darame

As 19 personalidades guineenses sancionadas pela Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) por estarem impedindo o cumprimento do Acordo de Conacri fizeram este domingo (18.02) uma marcha em Bissau em protesto contra a atuação da CEDEAO na mediação da crise política guineense.

Braima Camará, coordenador do grupo dos 15 deputados expulsos do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), o principal partido com assento no Parlamento da Guiné-Bissau, afirmou que o Acordo de Conacri ficou sem efeitos com a realização do nono Congresso do PAIGC, no início deste mês, e que Augusto Olivais, figura que a comunidade internacional reclama ser escolhida para o cargo do primeiro-ministro, jamais será nomeado na Guiné-Bissau.

Para o PAIGC e outras três formações políticas no parlamento, Augusto Olivais seria a figura de consenso indicada no âmbito do Acordo de Conacri para ser primeiro-ministro e desta forma tirar a Guiné-Bissau da crise político-institucional.

Braima Camara
Braima Camará, coordenador do grupo de 15 deputados expulsos do PAIGCFoto: DW/B. Darame

"A partir do dia em que o PAIGC realizou o seu congresso, o Acordo de Conacri acabou. Nunca Augusto Olivais será primeiro-ministro. Se o PAIGC quiser o cumprimento do Acordo de Conacri que anule o seu Congresso", afirmou Braima Camará ao dirigir-se aos manifestantes no final de um protesto pacifico perto da sede principal da CEDEAO, em Bissau.

A marcha teve forte aderência dos militantes do Partido da Renovação Social (PRS), a segunda força política guineense, e de apoiantes do grupos dos 15 e dos 18 partidos sem assento parlamentar. Os manifestantes acusaram os chefes de Estado da CEDEAO de serem parciais e injustos nas decisão tomadas sobre a Guiné-Bissau, que dizem ser um Estado soberano, e exortaram a organização a anular as medidas.

O porta-voz do PRS, Victor Pereira, leu um manifesto que o partido enviou aos líderes da CEDEAO e considerou que as sanções impostas a seis dirigentes do PRS visam "decapitar a liderança do partido" na perspetiva das próximas eleições. Victor Pereira disse esperar que as Nações Unidas, a União Europeia e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) se posicionem a favor do levantamento imediato das sanções.

"Queremos dizer ao povo guineense que as ditas sanções são mentirosas. São sanções encomendadas pelo presidente fascista do PAIGC, Domingos Simões Pereira, e pelo presidente do Parlamento, Cipriano Cassamá, contra os verdadeiros defensores da Guiné-Bissau. Eles que elaboraram a lista e enviaram para os seus representantes lá fora", disse Camará.

Segundo Braima Camará, seriam Domingos Simões Pereira e Cipriano Cassamá os autores das sanções, com a finalidade de "entregar as riquezas" da Guiné-Bissau aos interesses estrangeiros. O coordenador do grupo de 15 deputados expulsos do PAIGC advertiu ao Presidente guineense, José Mário Vaz, a convocar eleições legislativas para que se saiba "quem realmente tem o povo do seu lado". 

Sanções

No último dia 7, a CEDEAO divulgou uma lista de 19 personalidades guineenses, entre as quais atuais governantes, deputados, magistrados e o filho do Presidente do país, como sendo pessoas que estariam a "obstaculizar a aplicação do Acordo de Conacri" e ainda a dificultar o normal funcionamento das instituições democráticas.

O Acordo de Conacri é um instrumento patrocinado pela CEDEAO como fórmula para acabar com o impasse político na Guiné-Bissau, que persiste há já três anos. No essencial, o acordo prevê que seja escolhida uma figura de consenso para primeiro-ministro de um governo integrado por todas as partes desavindas.

O Procurador-geral da República, Bacari Biai, um dos sancionados, divulgou um comunicado no qual instava os organizadores da manifestação sobre o "cumprimento escrupuloso” dos limites temporais e geográficos da marcha, conforme o estipulado na lei do país.

A marcha deste domingo teve a participação do ministro do Interior do governo demissionário, Botche Candé, que prometeu estar "na primeira linha" da manifestação.

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