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Angola acusa UE de tentar desestabilizar o país

Pedro Borralho (Luanda) / Lusa6 de maio de 2016

Chefe da Diplomacia angolana, George Chikoti, diz ter informações de alegadas tentativas de organizações internacionais de financiar órgãos de comunicação social em Angola com vista a derrubar o poder atual.

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Foto: Getty Images/AFP/S. de Sakutin

O ministro das Relações Exteriores de Angola, George Chikoti, reagia às denúncias tornadas públicas esta semana pelo diretor da rádio católica angolana -Rádio Ecclesia-, Quintino Candanje, sobre a existência de organizações internacionais, nomeadamente a União Europeia (UE), que financiam órgãos de comunicação social em Angola com vista a derrubar o Governo de José Eduardo dos Santos.

“Nós também temos essas informações, de algum modo. Não as temos tão oficialmente assim, mas temos por algumas vias, de que há alguma intenção de criar alguns distúrbios, incluindo em Angola e nos países vizinhos. Temos que nos preparar para este fim. Acho que é muito importante que a nossa sociedade e a nossa imprensa estejam preparadas para que não vá no sentido do que alguns países gostariam de fazer aqui”, afirmou Chikoti.Na última terça-feira (03.05.), Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, em entrevista ao Jornal de Angola, o diretor da rádio Ecclesia, o padre Quintino Kandandji, afirmou que consta nos projetos da União Europeia, financiar a imprensa privada em Angola com um único propósito: Derrubar o governo angolano.

George Chikoti
George Chikoti, ministro das Relações Exteriores de AngolaFoto: AP

"Postura mais dura"

Quintino Kandandji revelou que no ano passado, quando a eurodeputada, Ana Gomes de nacionalidade portuguesa visitou Angola, sugeriu que a Emissora da Igreja Católica tivesse uma postura mais dura em relação ao Governo angolano.

“Recebi nesta sala a senhora Ana Gomes. Falamos desta relação, que na altura já se afigurava pouco amistosa” e a eurodeputada falou em direto na emissão da rádio, afirmou Quintino Kandandji, “mas nem por isso a Ecclesia saiu no relatório da Ana Gomes como sendo uma rádio de valores”. Além disso, a eurodeputada terá dedicado “uma palavra menos amistosa em relação aos bispos”, facto que causou “um pequeno mal estar” destacou o padre Quintino Kandandji.

UE minimiza acusações

Em comunicado, a delegação da União Europeia minimizou as acusações do diretor Rádio Ecclesia e referiu que a estação recebeu um total de 234.736 euros e, em março de 2014, no final do prazo de 24 meses, “apresentou os respetivos relatórios. A análise da execução financeira – verificada por auditoria – revelou que havia um montante não utilizado de 149.631.27 euros. Este valor deverá ser devolvido, como confirma Gordon Kricke, representante da União Europeia em Angola."Todos os anos fazemos um convite para apresentação de propostas para projetos que têm como objetivos entre outros promover os dreitos Humanos e a Democracia. Em 2011 fizemos isto, e a Rádio Ecclesia apresentou uma proposta e foi aceite porque tinha como o objetivo principal a capacitação da rádio. Assim, a Rádio Ecclesia recebeu um financiamento 235 mil euros, e só uma parte deste dinheiro foi gasta pela rádio. O diretor da Ecclésia apresentou o relatório final, depois de uma auditoria e ficou decidido que 149.631.27 euros deverão ser reembolsados. É um procedimento normal, quando uma organização não gasta todo o dinheiro é normal que devolva a parte não utilizada. Não compreendemos as alegações do padre. Por isso achamos que elas não têm fundamento", reagiu Gordon Kricke.

Rádio Ecclesia - Gebäude Bild 52
Radio Ecclesia, parceira da DWFoto: DW / Johannes Beck

Montante não utilizado vai ser devolvido

À Rádio Nacional de Angola, depois do comunicado da delegação da UE, o padre Quintino Kandandji disse que os 149 mil euros não utilizados vão ser devolvidos a qualquer momento e que tudo será feito para a que a União Europeia receba o dinheiro de volta.

“Segundo os termos de referência as pessoas ou instituições que fazem projetos com a União Europeia, têm que devolver o dinheiro não utilizado. Não dissemos à UE que não vamos devolver. O dinheiro ainda não foi para as contas da UE porque o banco não deixa sair divisas de qualquer jeito. Exige uma série de formalidades. É por isso que o dinheiro ainda não foi. Mas já demos ordens, para essa transferência, já fizemos entrevistas com o banco, inclusive a própria UE está a colaborar connosco”, explicou o padre.

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