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Governo angolano responsabiliza UNITA por mortes em maio

Pedro Borralho Ndomba (Luanda)29 de junho de 2016

Segundo um inquérito do Ministério do Interior, o próprio partido da oposição angolana UNITA é o responsável pelo ataque contra a sua delegação parlamentar em Benguela, que deixou mortos e feridos em maio deste ano.

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Imagem ilustrativa: Praça da Independência, em LuandaFoto: DW/P. Borralho

Um inquérito encomendado pelo do Ministério do Interior angolano sobre o ataque contra a delegação parlamentar da UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola), em maio, na comuna de Capupa, província de Benguela, revela que o próprio maior partido UNITA é culpado pelo incidente que resultou na morte de três pessoas.

Os resultados do inquérito foram apresentados nesta segunda-feira (27.06.) pelo diretor do Gabinete de Estudos, Informação e Análise do Ministério do Interior, Aristófanes dos Santos.

Um dia depois o presidente do grupo parlamentar da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, criticou veementemente o inquérito, classifiando-o de farça.

O inquérito que causou polémica

O relatório de mais de 80 páginas, apresentado pelo Governo angolano (do partido MPLA que governa o país desde 1975), concluiu que o confronto entre militantes da UNITA e do MPLA feriu seis pessoas, além de matar três. Entre os feridos, por espancamento, fazem parte dois efetivos da polícia angolana, supostamente atacados por supostos simpatizantes da UNITA, que nas palavras do director do Gabinete de Estudos, Informação e Análise do Ministério do Interior, teriam retirado duas bandeiras do MPLA.

Wahlkampf Angola
Bandeira da UNITA numa placa de campanha eleitoral do MPLA (foto ilustrativa)Foto: picture-alliance/dpa

Aristófanes dos Santos disse que a comitiva do "Galo Negro" - acrónimo dado ao partido UNITA [oposição] - deslocou-se ao local sem aviso prévio às autoridades.

"A competência para a resolução deste tipo de conflito, se há crimes, é da polícia. O que a UNITA deveria ter feito era apresentar uma denúncia", afirma Aristófanes dos Santos.

Entenda o caso

Segundo um comissário da policia angolana, a UNITA teria dado grito de vitória depois de alegadamente ter desarmado os efectivos da polícia que escoltavam os deputados do "Galo Negro". Membros da UNITA teriam visto o escoltamento policial como uma afronta e não como proteção, segundo a mesma fonte.

Aristófenes dos Santos disse ainda que os resultados do inquérito serão remetidos à Procuradoria Geral da República. "Os polícias foram gravemente feridos, espancados, desarmados e as suas armas foram utilizadas para matar". Esses crimes terão agora que ser investigados, afirma a mesma fonte.

Ao reagir ao resultado do inquérito do Ministério do Interior, em conferência de imprensa, realizada nesta terça-feira (28.06.), o presidente da bancada parlamentar da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, que a 25.05.2016 liderou a comitiva dos deputados no dia do confronto, desvalorizou o relatório encomendado pelas autoridades angolanas.

O outro lado

Em maio, um comunicado da polícia em Benguela falava de "rixas entre populares e militantes da UNITA". Por sua vez, o inquérito do Ministério do Interior fala de "uma briga entre membros das duas maiores forças políticas em Angola".

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Segundo Adalberto da Costa Júnior há mentiras no relatório. O deputado do "Galo Negro" questiona o facto da não responsabilização dos membros do MPLA e afirma estar disposto a responder em tribunal, alegando ter filmagens de tudo o que ocorreu naquele dia. O político disse também que o policial ferido durante os ataques foi socorrido por membros da sua comitiva.

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