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Gabão "limpa passeios" para sediar torneio africano de futebol

22 de dezembro de 2011

País espera mais estruturas com Taça Africana de Nações, mas demolições para "limpar os passeios" causam desespero na população. CAN 2012 acontece entre 21.01 e 12.02 na Guiné Equatorial e no Gabão.

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Final do CAN 2010 entre Gana e Egito, vencedor do campeonato
Final do CAN 2010 entre Gana e Egito, vencedor do campeonatoFoto: AP
Ali Bongo Ondimba, presidente do Gabão, iniciou operação "Limpem os Passeios"
Ali Bongo Ondimba, presidente do Gabão, iniciou operação "Limpem os Passeios"Foto: AP
Unidade de gás natural na Guiné Equatorial, um dos maiores produtores de petróleo da África Subsaariana e co-sede do CAN 2012
Unidade de gás natural na Guiné Equatorial, um dos maiores produtores de petróleo da África Subsaariana e co-sede do CAN 2012Foto: Renate Krieger

Desde o início do passado mês de outubro, o governo gabonês iniciou uma vasta operação denominada "Libertem os passeios". Uma iniciativa que partiu do próprio presidente da República, Ali Bongo Odimba, e que está ligada à organização do CAN 2012, cujo jogo de abertura vai colocar frente a frente a Guiné Equatorial e a Líbia, em janeiro do próximo ano.

A organização dos jogos quer dotar nomeadamente o Gabão de estruturas modernas, uma iniciativa que contudo tem causado inúmeros constrangimentos para milhares de pessoas que vêm os seus investimentos demolidos sem uma grande planificação.

"Disseram-me que nem serei indemnizado. Foram 40 anos durante os quais investi muito dinheiro para nada.Tenho documentos que comprovam esse investimento e há mais de 20 anos que procuro um título de propriedade, mas nunca ninguém conseguiu entregar-me esse documento", diz um gabonês de 50 anos. Ele relatou à Deutsche Welle que vê o fruto dos próprios esforços desaparecer em poucos minutos.

"Todo esse trabalho não interessa a ninguém"

A operação "Libertem os passeios" que visa destruir todas as construções consideradas "anárquicas" pelas autoridades de Libreville. Também as mulheres que exercem o pequeno comércio informal como forma de sustentar as suas respetivas famílias também foram atingidas duramente pela iniciativa. Agora não sabem para onde ir: "Eles sómente partem e destroem tudo. Nem sei como vou alimentar os meus filhos. O que vamos fazer?", indaga uma delas, no centro da capital gabonesa.

"Eles querem destruir tudo porque as pessoas estão a criticar o trabalho que fazem e cujos benefícios para a população ainda não vimos e nem sabemos se vamos ver. Todo esse trabalho não interessa a ninguém. O que deveriam fazer era deixar as pessoas tranquilas e em paz", diz a cidadã.

Contrariamente ao que tem sido uma prática no passado, para a atual operação os poderes públicos anunciaram que as pessoas atingidas não serão indemnizadas porque as suas habitações foram construídas clandestinamente e em local de domínio público.

Mas a presidência da República gabonesa já anunciou que, no termo desta operação, o governo irá construir centenas ou milhares de alojamentos sociais nos próximos anos, com o objetivo de reconstruir uma capital digna da importância e imagem do país.

Grupos

16 equipas disputam o CAN 2012, divididas nos seguintes grupos:

Grupo A - Guiné Equatorial, Líbia, Senegal e Zâmbia

Grupo B - Costa do Marfim, Sudão, Burkina Faso e Angola

Grupo C - Gabão ,Níger, Marrocos e Tunísia

Grupo D - Gana ,Botswana ,Mali e República da Guiné

A final do CAN 2012 será disputada no Estádio da Amizade, em Libreville, construído por chineses. A capacidade do estádio, inaugurado em outubro, é de 40 mil lugares.

Autor: Isaac Mackanga (Libreville) / António Rocha
Edição: Renate Krieger