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FRELIMO designa ministro da Defesa como candidato

Leonel Matias (Maputo)3 de março de 2014

O Comité Central da FRELIMO escolheu Filipe Nyusi, titular da pasta da Defesa, como candidato oficial às presidenciais, agendadas para 15 de outubro. Nome era um dos três apontados pela Comissão Política do partido.

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Filipe Nyusi felicitado por Armando Guebuza, Presidente de MoçambiqueFoto: Leonel Matias

A escolha foi feita pelos membros do Comité Central da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e anunciada já na madrugada de domingo (02.03). Na corrida estavam cinco candidatos: o atual primeiro-ministro, Alberto Vaquina, os ministros da Defesa, Filipe Nyusi, e da Agricultura, José Pacheco, e os antigos primeiros-ministros Aires Aly (2010-2012) e Luísa Diogo (2004-2010).

O vencedor foi encontrado numa segunda votação, disputada contra Luísa Diogo, depois de, na primeira, não se ter registado uma maioria absoluta. Na segunda volta, Nyusi reuniu 68% dos votos, contra os 31% conseguidos por Luísa Diogo, de um total de 200 votantes.

“Vamos todos unidos trabalhar pela consolidação e crescimento de Moçambique e trabalhar para as eleições de 15 de outubro”, comentou Filipe Nyusi.

Luisa Diogo Ex-Ministerpräsidentin Mosambik
Luísa Diogo ainda foi à segunda volta da eleição do candidato da FRELIMO às presidenciaisFoto: DW/Joao Carlos

Luísa Diogo, atual presidente do Conselho de Administração do Banco Barclays, reconheceu, de imediato, a derrota mas destacou o facto de ter sido a primeira mulher no país a apresentar uma pré-candidatura ao cargo de chefe do Estado.

“Sou a primeira mulher que marca a sua presença com força. Obrigámos a ir a uma segunda volta. Eu penso que como mulher, começámos bem. Ficámos na história da FRELIMO. Não foi com letras de ouro, foi com letras de prata, mas esperemos que numa próxima geração também se tente mais uma vez” comenta.

Origens humildes

Filipe Nyusi, 56 anos, natural de Mueda, em Cabo Delgado, norte de Moçambique, é formado em engenharia mecânica, grau obtido na antiga Checoslováquia, e tem uma licenciatura em gestão, pela Universidade de Manchester, no Reino Unido.

Antigo dirigente do Ferroviário de Nampula e ex-administrador dos Caminhos de Ferro de Moçambique, Nyusi é ministro da Defesa desde 2008. O candidato oficial é oriundo de uma família de antigos combatentes e pertence à influente etnia maconde, apoiante da guerrilha da FRELIMO contra o colonialismo português e que deu vários generais ao partido.

Filipe Nyusi ingressou na FRELIMO em 1973, um ano antes da assinatura dos acordos de paz que conduziram o país à Independência Nacional em 1975.

Como titular da pasta da Defesa, modernizou o exército governamental, particularmente em termos logísticos e de equipamento militar, reativou a força aérea e introduziu o serviço cívico.

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O presidente honorário do partido, Joaquim Chissano, garante que a votação de domingo foi transparente.

“Foi das eleições mais transparentes que podia imaginar. Muito transparente, tanto na primeira volta, como na segunda”, frisou, acrescentando que “o ambiente que reinava entre os candidatos era muito bom, de competição, cada um com a sua visão”.

Figura leal ao atual Presidente

O candidato vencedor Filipe Nyusi é descrito como sendo uma figura discreta e leal ao atual chefe de Estado, Armando Guebuza.

Filipe Nyusi fazia parte do grupo de três pré-candidatos indicados pela Comissão Política do partido, uma escolha contestada dentro e fora da FRELIMO, alegadamente por não possuírem capital político para ocupar o cargo de chefe de Estado.

Nyussi wird von der FRELIMO kongratuliert
Filipe Nyusi é cumprimentado por membros da FRELIMO depois de eleito na segunda volta como candidato oficial do partido, com 68% dos votosFoto: Leonel Matias

A anteceder a votação, este grupo, ao contrário das restantes duas candidaturas apresentadas, teve a oportunidade de realizar campanha eleitoral em todas as províncias.

Nyusi terá como desafios imediatos a gestão dos recursos naturais, o combate à pobreza, a distribuição da riqueza e o combate à corrupção, entre outros.

A eleição de Filipe Nyusi marca a passagem de testemunho dos libertadores da pátria para uma nova geração.

A sessão do Comité Central registou ainda o pedido de demissão do secretário-geral do partido, Filipe Paúnde, que foi substituído este domingo por Eliseu Machava, atual Governador da província de Cabo Delgado. Segundo um porta-voz da FRELIMO, Filipe Paúnde ter-se-á demitido “por estar a ser vilipendiado em alguns órgãos” de comunicação do país.

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