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Fidel Castro deixa 'boas recordações' nos PALOP

Nádia Issufo
26 de novembro de 2016

Político e jornalista ouvidos pela DW África elogiam o ex-líder cubano, Fidel Castro. Ambos reconhecem a contribuição deste homem para os seus países.

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Foto: picture-alliance/dpa/A. Ernesto

As relações entre Cuba e Fidel Castro com os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) remontam ao tempo colonial. Os movimentos de libertação contra a dominação portuguesa desses países tiveram um importante apoio de Cuba. Depois da independência, essa relação fortificou-se ainda mais. As orientações políticas desses países eram as mesmas que de Cuba: o socialismo com fortes marcas marxistas-leninistas.

A DW África colheu alguns depoimentos de figuras dos PALOP que conheceram o ex-Presidente cubano, a sua governação e que viveram em Cuba.

Amilcar Cabral
Amilcar Cabral era líder do PAIGC na altura da luta pela independênciaFoto: AFP/Getty Images

Guiné-Bissau: Grande ajuda na luta de libertação nacional

O guineense Manuel Santos, mais conhecido por comandante Manecas, foi combatente do PAIGC, Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde, e fez parte do primeiro grupo que recebeu treino militar em Cuba, em 1965. A imagem que Manecas tem de Fidel Castro é de "um grande líder, um homem simples e simpático. É o homem que mudou mundo."

Relativamente à influência que Fidel Castro exerceu sobre a Guiné-Bissau na luta de libertação, o comandante lembra: "Nós tivemos uma grande ajuda de Cuba durante a luta de libertação nacional. Não só nos forneceram algum equipamento [como] géneros [alimentares], assessores para o treino militar e uma coisa importantíssima: forneciam-nos médicos para as nossas zonas libertadas."

Moçambique: Um homem atencioso e atento

Mosambik: Salomão Moyana, Journalist
Salomão Moyana, jornalista moçambicanoFoto: privat

Em Moçambique as lembranças não diferem das da Guiné-Bissau. Mesmo gente que não fez a guerra de libertação ou que não está filiada ao partido que fez a guerra de libertação, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), tem boas recordações.

Salomão Moyana, jornalista moçambicano, é um deles. Esteve em Cuba quando ainda era professor e conta que, quando chegou ao país, a 26 de julho de 1979, dia histórico no país, Fidel Castro discursava: "A nossa primeira impressão foi positiva - de um homem enérgico que fala longas horas e que tem um povo extraordinário que o rodeia por longas horas e sem desistir, a aplaudir constantemente por aquilo que estava a dizer."

As escolas de formação para as crianças moçambicanas que para lá iam estudar ficavam na Ilha da Juventude. Foi numa delas que Moyana lecionou aulas de língua portuguesa.

O jornalista lembra que Fidel Castro controlava pessoalmente as tarefas que atribuía, como por exemplo a construção de um ginásio para a prática do boxe numa dessas escolas, a escola Samora Machel. Segundo Salomão Moyana "era uma pessoa muito atenciosa e muito atenta. Chegava nas nossas escolas e jogava futebol e basquetebol com os alunos. Quando o Presidente Samora Machel fosse a Cuba, os dois Presidentes se deslocavam de Havana para a Ilha da Juventude para visitarem os estudantes. [Fidel] era muito amigo dos jovens e das crianças." 

Angola Wahlen 2012 Regierungspartei MPLA Wahlkampagne
Bandeira do MPLA (esq.)Foto: António Cascais/DW

Angola: Fidel amigo de todas as horas

Em Angola, o partido no poder, MPLA, Movimento Popular de Libertação de Angola, e aliado histórico de Cuba, lamentou a morte de Fidel Castro, garantindo que será uma "fonte inesgotável de inspiração" para os angolanos. O partido refere ter recebido a notícia da morte do histórico líder cubano "com comoção", a qual "abala" o povo angolano e o partido. O MPLA  diz ainda que recorda Fidel Castro como um "amigo e companheiro de todas as horas". 

De lembrar que Cuba deu apoio militar a Angola na luta pela independência do país. No pós independência Fidel Castro ajudou também Angola a enfrentar as ações militares do regime do apartheid da África do Sul. 

Cabo Verde: O líder carismático

O Presidente de Cabo Verde lembrou hoje Fidel Castro como o "líder carismático" de uma das "revoluções mais importantes do século XX" e o pioneiro do bom relacionamento entre Cuba e Cabo Verde.

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Jorge Carlos Fonseca assinalou igualmente o relacionamento entre Cabo Verde e Cuba, recordando a presença dos cooperantes cubanos nos primeiros anos pós independência em vários setores, nomeadamente na saúde, bem como a existência de relações diplomáticas entre os dois países desde a década de 70. 

O Presidente de Cabo Verde considera que Fidel Castro foi "um político de envergadura", "um homem de causas" e "um grande amigo de Cabo Verde, que "sempre esteve na vanguarda das excelentes relações de amizade e de cooperação" entre os dois povos. 

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