1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Falta consenso entre governo de Moçambique e RENAMO

17 de dezembro de 2012

À semelhança do que aconteceu nas duas anteriores rondas de conversações, o Governo e a RENAMO voltaram a divergir em questões de defesa e segurança, a despartidarização do Estado e assuntos económicos.

https://p.dw.com/p/1746M
Falta consenso entre governo de Moçambique e RENAMO
Falta consenso entre governo de Moçambique e RENAMOFoto: picture-alliance/dpa

Em Moçambique, o Governo e a RENAMO não chegaram a consenso, esta segunda-feira (17.12), na terceira e última ronda de conversações na busca de soluções para os receios apresentados pelo maior partido da oposição.

O Chefe da delegação da RENAMO, o Secretário Geral do Partido, Manuel Bissopo, confirmou à saída do encontro que não se registaram progressos nas negociações entre as duas partes em relação a qualquer dos pontos apresentados. Em debate estiveram questões de defesa e segurança, a despartidarização do Estado e assuntos económicos mas, de acordo com Bissopo, "não houve consenso, abertura, reconhecimento por parte do governo da legitimidade e da fundamentação dos pontos apresentados."

"O governo refugia-se, afirmando que está a fazer tudo bem. Mas a testemunho de que tudo está a andar mal é o próprio povo", concluiu o Secretário Geral do Partido.

Assuntos económicos também estiveram em cima da mesa, em mais um encontro marcado pela discórdia
Assuntos económicos também estiveram em cima da mesa, em mais um encontro marcado pela discórdiaFoto: DW

Governo também aponta o dedo ao principal partido da oposição

O Chefe da delegação do governo, o Ministro da Agricultura, desdramatizou, afirmando que o encontro foi muito produtivo, e que o governo continua aberto ao diálogo, apesar da série de negociações ter chegado ao fim.

"Vimos uma RENAMO com duas cores", apontou José Pacheco.

"Uma que defendia a despartidarização da função pública, ao que nós esclarecemos que o acesso à função pública é feita com base em concurso público", explicou. "Mas, numa outra abordagem, mostraram-nos que defendiam que as forças de segurança têm de ser constituídas por 50% designados pelo governo e 50% pela RENAMO".

Pacote eleitoral aprovado no Parlamento, apesar do "não" da RENAMO

Enquanto o Governo e a RENAMO realizavam mais uma ronda negocial, o Parlamento aprovava em definitivo com o voto contra do principal partido da oposição o pacote legislativo para as eleições autárquicas e gerais dos próximos dois anos. A RENAMO exigia que as questões eleitorais fossem discutidas entre o seu partido e o Governo, nas conversações bilaterais.

A FRELIMO, por seu lado, defendia que este ponto devia ser discutido no parlamento, mas a RENAMO alegava que não reconhecia este órgão, do qual faz parte, afirmando que tinha resultado de eleições fraudulentas.

Celmira Xavier apresentou a declaração de voto da FRELIMO, justificando que o partido vota a favor "para que o povo moçambicano possa usufruir de uma legislação eleitoral que consolide e aprofunde o processo de descentralização e desconcentração, através das autarquias locais".

RENAMO rejeita novo pacote eleitoral. Na foto, Armando Guebuza vota nas eleições de 2009, em que foi eleito Presidente da República
RENAMO rejeita novo pacote eleitoral. Na foto, Armando Guebuza vota nas eleições de 2009, em que foi eleito Presidente da RepúblicaFoto: AP

Já José de Sousa, do Movimento Democrático de Moçámbique, outro partido que votou a favor do pacote eleitoral, justificou o voto, afirmando que "o MDM continua a ser programático na discussão e aprovação da lei eleitoral".

Sem consenso, espera-se próximo passo da RENAMO

Armindo Milago, da RENAMO, explica que o seu partido votou contra porque "não podia aprovar um instrumento que legitima manobras fraudulentas de um punhado de guerrilheiros comunistas vindos de Nachingueia". Para Milago, trata-se de pessoas "comprometidas com os destinos do comunismo, que só lutam para anular o sentido do voto e a vontade do povo moçambicano.

Com a aprovação do pacote eleitoral pelo parlamento e o encerramento da série de conversações com Governo, em que o maior partido da oposição não viu satisfeita qualquer das suas exigências, resta saber agora qual será o próximo passo do partido. A RENAMO tinha dito que, caso as suas exigências não fossem satisfeitas no diálogo bilateral com o Governo, iria recorrer a todos os meios para fazer valer as suas posições.

Autor: Leonel Matias (Maputo)
Edição: Maria João Pinto/ António Rocha

Falta consenso entre governo de Moçambique e RENAMO

Saltar a secção Mais sobre este tema