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Executivo angolano compra autocarros... para ganhar votos?

Nelson Sul d'Angola (Luanda)21 de setembro de 2016

O Governo deverá comprar, este ano, cerca de 4.500 viaturas para reforçar o transporte escolar e os serviços de transporte de passageiros e mercadorias. Uma medida eleitoralista, dizem os partidos da oposição.

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Foto: DW/N. Sul d'Angola

O Presidente angolano José Eduardo dos Santos orientou o Ministério dos Transportes para adquirir 1.500 autocarros para o transporte escolar. Num despacho presidencial, publicado no Diário da República (a 15.09), o titular do poder executivo indica que esta medida surge da “necessidade de se implementar o conceito de transporte escolar no sentido de reduzir os índices de absentismo nas escolas”.

No entanto, a medida está a ser interpretada como eleitoralista pelos partidos na oposição.
"Nota-se que após a aprovação do Orçamento Geral do Estado, que inclui quase metade das suas receitas de origem de financiamento externo, há tendência de ações executivas de cosmética para o branqueamento da imagem ruim que o atual titular do poder executivo tem”, afirma Lino Bernardo Tito, vice-presidente para a comunicação da CASA-CE (Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral), a segunda principal força da oposição angolana.

Lino Bernardo Tito acusa ainda o Presidente angolano de usar os cidadãos como meros instrumentos de diversão para fins eleitoralistas: "Temos que respeitar as pessoas, não apenas procurar usá-las como instrumentos para a manutenção do poder político".

É mais do mesmo, diz a UNITA

Também Alcides Sakala, porta-voz da UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola), o maior partido na oposição, acusa o presidente Eduardo dos Santos de, com esta iniciativa, pretender comprar o voto do eleitorado estudantil.

"Esta medida é eleitoralista e, segundo, também é despesista. Estamos habituados a essa prática, sempre que se aproximam as eleições há iniciativas desta natureza", critica Sakala.

Mas o maior partido na oposição vaticina que as pretensões de Dos Santos poderão sair frustradas nas próximas eleições gerais, agendadas para agosto de 2017. "Penso que esse tipo de estratégia já não paga [votos], porque as pessoas estão mais esclarecidas, têm mais consciência dos seus direitos e acredito que isso vai cair uma vez mais em saco roto", avisa o porta-voz da UNITA, Alcides Sakala.

Viaturas para outros setores da economia

Além da compra de 1.500 autocarros para estudantes, o Executivo angolano deverá ainda retomar o processo de devolução de viaturas aos cidadãos que perderam os seus veículos ao serviço do Estado e durante o conflito armado. Para efeito serão compradas 1.700 viaturas. Serão adquiridas ainda mais 1.272 veículos para se ampliar a oferta dos serviços de transporte de passageiros e mercadorias e apoiar os agricultores e outros setores produtivos.

A DW África contactou, por diversas vezes, sem sucesso, Mário António o porta-voz do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), o partido do Governo, a fim de esclarecer a compra de viaturas.

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Alcides Sakala ACHTUNG SCHLECHTE QUALITÄT
Alcides Sakala, porta-voz da UNITA, considera que as medidas eleitoralistas do Governo vão cair em saco rotoFoto: DW/João Carlos
Lindo Bernardo Tito, CASA-CE in Angola
Lino Bernardo Tito, vice-presidente da CASA-CE, considera a aquisição de autocarros uma medida de cosmética do GovernoFoto: DW/N.S. D'Angola
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