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Ex-combatentes exigem fim de generais fantasmas

13 de setembro de 2012

Existência de generais fantasmas em Angola aumenta revolta de ex-combatentes que já andam descontentes com o governo por outros motivos. Segundo eles os generais são próximos ou familiares de gente ligada ao poder.

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Soldados do governo do MPLA na cidade de Dondo, Angola, em 1993
Soldados do governo do MPLA na cidade de Dondo, Angola, em 1993Foto: picture-alliance / dpa

Segundo o site Maka Angola, antigos combatentes da província angolana da Huíla continuam a manifestar o seu descontentamento pela forma como a direção das Forças Armadas Angolanas (FAA) tem promovido algumas figuras, entre empresários e políticos, ao generalato.

O coronel Nunes Manuel, presidente do Fórum Independente dos Desmobilizados de Guerra, explica: "As promoções são polémicas, porque as pessoas em causa têm se beneficiado por via partidária. Também não há uma vontade do governo em aliar-se a pessoas e organizações que procuram fazer um acordo de denúncias e sabemos que determinadas pessoas estão colocadas como generais quando na verdade não o são", afirma.

Generais fantasma com salários reais

Na perspetiva do coronel Nunes Manuel essas promoções não têm sentido de existir, e somente acontecem porque "a corrupção e a impunidade são a base que garantem a prevalência dessas situações. Até pela idade os generais não deveriam ocupar o cargo. O general que lá está, pertence à elite, vai tirando cinco ou seis mil dólares sem ter direito", constata.

Para o presidente do Fórum dos ex-militares, também as lideranças militares cometeram  erros na promoção de pessoas que nada tinham a ver com o exército: "Promoveram parentes, sobrinhos. Mesmo estando este em casa os seus nomes estavam nas folhas de salário. Mas queremos pedir ao governo que chame a razão as pessoas que estão nessa situação., acusa.

Manuel Nunes defende por isso a sua despromoção, embora não publicamente, porque eles não estão no ativo. Mas de acordo com o responsável do Fórum dos Desmobilizados, "isso passa pela vontade do próprio partido."

Nunes toma as dores dos ex-militares que deviam estar a beneficiar de uma boa renda justamente. Na sua óptica os generais da polémica "são fantasmas permitidos."

Ex-militares adormeceram com as eleições?

Os antigos combatentes consideram insignificantes as pensões pagas pelo governo
Os antigos combatentes consideram insignificantes as pensões pagas pelo governoFoto: picture-alliance/dpa

Recorde-se que pouco antes das eleições gerais de 31.08 no país, os ex-militares faziam manifestações exigindo o pagamento das suas pensões atrasadas, aumento das mesmas, e outras regalias. A mais marcante foi a 07.07 quando centenas deles concentraram-se nas imediações do Ministério da Defesa.

A maioria deles eram antigos militares das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA), braço armado do MPLA durante a guerra civil angolana, mas havia também ex-militares da UNITA, agora a maior força da oposição. Mas depois das eleições de 31.08 as suas ações esmoreceram.

Manuel Nunes justifica que tal se deve a uma auto-apreciação da sua atuação e estão também a traçar estratégias. Por outro lado, o representante dos ex-militares explica que o governo falhou nas comissões de pagamento de subsídios em todo o país,  e que por detrás disso há ainda outros problemas.

Entretanto, os militares, ao que tudo indica, têm ideias para melhorar as suas vidas. O responsável do Fórum: "O governo deve aceitar que de cada ex-militar seja ensinado a conceber um programa de negócios e cada um será responsável por si", diz. 

Mas caso esta e outras exigências dos ex-militares não forem respondidas satisfatoriamente, estes tem já previsto um momento para reagir, como garante Manuel Nunes: "A nossa postura ofensiva de exigência, segundo as nossas apreciações, só vai acontecer no próximo ano."

Autor: António Rocha
Edição: Nádia Issufo/Renate Krieger

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