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Empresárias africanas querem igualdade de oportunidades

Moki Kindzeka
30 de novembro de 2022

30% das mulheres africanas são empresárias e a sua contribuição para as economias locais é vital. Por isso reclamam mais apoios de credores e governos para terem acesso a benefícios da Área de Comércio Livre Continental.

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Foto: picture-alliance/imagebroker/H. Heine

A Área de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA) abrange um mercado de 1,2 mil milhões de pessoas e começou a operar a 1 de janeiro de 2021.

Muitas empresárias esperavam que a maior área de comércio livre do mundo impulsionasse os seus negócios e reduzisse a pobreza endémica. Mas estão a perder oportunidades porque os seus negócios são na maioria pequenos, têm baixa produtividade e recebem pouco financiamento dos governos e agências, disseram várias mulheres à DW.

Muitas empreendedoras africanas lamentam que ainda não estejam a tirar maior proveito das oportunidades oferecidas pela nova plataforma comercial.

"As mulheres enfrentam muitos desafios. Houve a pandemia de Covid-19, depois persistentes perturbações climáticas e conflitos armados em África e a guerra da Rússia na Ucrânia", lembra a advogada Catherine Samba-Panza, antiga Presidente interina da República Centro-Africana, entre 2014 a 2016.

A ONU estima que 70% do comércio informal transfronteiriçoem África é conduzido por mulheres comerciantes. 

Desafios específicos

Bissso Nakatuma, diretora de um programa de promoção de empresas rurais no Níger, acrescenta que as empresas lideradas por mulheres têm dificuldades de aceder aos créditos. 

Jovem moçambicana aposta na área de mecânica de automóveis

"Os bancos recusam-se a conceder empréstimos às mulheres e por isso têm de depender unicamente das suas famílias, comunidades e das suas poucas poupanças", diz.

Nakatuma denuncia também atos de corrupção: "As empresárias enfrentam muita perseguição por parte dos funcionários aduaneiros quando exportam mercadorias. São particularmente alvo de subornos por parte de agentes aduaneiros e polícias."

Reunidas há dias, em Yaoundé, a capital camaronesa, no segundo Fórum das Mulheres Empresárias Africanas - sob o tema "Mulheres Empresárias, Desafios e Oportunidades" - mais de 200 empreendedoras de 35 países africanos pediram aos governos maior capacitação das mulheres rurais como forma de reduzir a pobreza no continente. 

Mais acesso à terra

O analista económico camaronês Serge Guiffo concorda e acrescenta que deve ser dado maior acesso à terra às mulheres. "São elas que nos alimentam. Elas utilizam a terra, mas não a possuem", sublinha.

Por outro lado, sugere uma mudança de paradigma no processo de produção de alimentos em África: "Compramos arroz na Tailândia e no Vietname, compramos trigo na Ucrânia. Precisamos de mudar isso."

Apesar dos desafios, as mulheres empresárias em 2022 contribuíram com 350 mil milhões de dólares para o crescimento económico de África, o que equivale a cerca de 13% do Produto Interno Bruto (PIB) do continente. 

Agora, pedem mais oportunidades para beneficiar da zona de comércio livre de África e ajudar a desenvolver o continente.