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Moçambique: Supervisão do cessar-fogo ainda com objeções

Leonel Matias (Maputo)25 de março de 2014

RENAMO e Governo moçambicano concordam sobre participação da SADC na fiscalização do fim da crise político-militar. A RENAMO, porém, exige um grupo internacional mais alargado.

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Uma das rondas negociais entre o Governo moçambicano e a RENAMO, o maior partido da oposiçãoFoto: DW/L.Matias


Delegações do Governo da FRELIMO e da RENAMO, o maior partido da oposição, reunidas esta segunda-feira (24.03) em mais uma ronda negocial registaram novos avanços com vista a harmonização dos termos de referência para a fiscalização internacional do fim da tensão militar que opõe as duas partes.

José Pacheco, chefe da delegação do Governo, disse que o Executivo está desde já aberto a participação de Botswana, Zimbabwe e África do Sul, membros da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), na fiscalização internacional.

O chefe da delegação governamental, entretanto, considera o seguinte: "como Governo, estávamos em condições, como moçambicanos, de levar a bom termo esta missão. Mas, para atendermos a um interesse de conforto da RENAMO, abrimos este espaço para observadores internacionais com base na SADC."

José Pacheco
José Pacheco é também ministro da agricultura de MoçambiqueFoto: DW/L.Matias

Falta Consenso

Para Saimone Macuiane, chefe da delegação da RENAMO, ainda não há consenso em relação as partes que deverão fiscalizar o fim da tensão militar no país. "Ficou por resolver, em primeiro lugar, as divergências que tem a ver com a designação do organismo que vai tratar essa matéria. Achamos que o organismo se deve designar cessar-fogo, mas o Governo acha que tem de ser hostilidades. Mas pensamos que esta situação pode ser ultrapassada", disse

Mas para o chefe da bancada da perdiz, a composição da missão de fiscalizadores internacionais ainda não satisfaz o seu partido. "A questão de fundo é sobre os países que devem ser envolvidos neste processo. Na nossa proposta colocamos, para além dos países da SADC, países da União Europeia - como é o caso de Portugal, Itália e Grã-Bretanha, e incluímos também as Nações Unidas, bem como os Estados Unidos da América", destacou.

O passo seguinte, de acordo com o chefe da delegação do Governo, José Pacheco, deverá incidir sobre a análise na especialidade da proposta dos peritos militares em relação a fiscalização internacional: "Tratado este ponto a nossa expetativa é de que estejam criadas as condições para uma reunião de mais alto nível entre o Presidente da República, Armando Guebuza, e o presidente da RENAMO, Afonso Dhlakama, na cidade de Maputo, capital do país, Certamente que estarão em posições de fazer essa declaração para os moçambicanos."

Saimon Macuiane und RENAMO-Delegation
Saimone Macuiane, líder da delegação da RENAMO nas negociaçõesFoto: Leonel Matias

Ainda há por fazer, diz a RENAMO

A Renamo defende que há outros passos que devem ser dados pelas duas partes.

Saimone Macuiane, entretanto, reitera que seu partido quer "um cessar-fogo duradoiro". Para isto, conforme o chefe da delegação da RENAMO, seria necessário que "a comunidade internacional fiscalizasse o processo."

O chefe da delegação do maior partido da oposição, entretanto, tem uma opinião diferente quanto ao lugar onde Guebuza e Dhlakama podem se encontrar: "Para nós, a RENAMO, o mais importante é o cessar-fogo. É dizer a data em que vai acontecer, o local onde o chefe de Estado e o presidente da RENAMO poderão estar para assinar o documento final, não interessa que seja em Maputo. Em qualquer parte do território nacional, desde que haja garantias de segurança, isso poderá acontecer."

Esta foi a 45ª ronda negocial entre o Governo e a RENAMO com vista a tentar por termo a tensão político-militar que se arrasta desde abril do ano passado.

Os últimos meses foram caraterizados por ataques contra alvos civis e confrontos entre as forças governamentais e da RENAMO, que resultaram já em várias dezenas de feridos.

Moçambique: Supervisão do cessar-fogo ainda com algumas objeções

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