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Eleições no Ruanda: Kagame deverá seguir no poder

Cristina Krippahl | António Cascais
22 de julho de 2017

Nenhum dos outros dois candidatos à presidência do país têm chances nas eleições de 4 de agosto, aponta especialista. Possibilidade de terceiro mandato foi aprovada pelo Parlamento em 2015.

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Foto: Reuters/M. Rehle

No dia 4 de agosto, Paul Kagame poderá iniciar o seu terceiro mandato na presidência do Ruanda. A oposição não tem chances, porque o Governo domina quase todos os meios de comunicação social. E estes só têm espaço de antena para Kagame e seu partido Frente Patriótica Ruandesa (FPR).

As autoridades autorizaram apenas mais dois candidatos: Frank Habineza, lider dos Verdes e Philippe Mpayimana, um ex-jornalista independente. Nenhum deles tem a menor hipótese de ganhar, diz o autor Gerd Henkel, que se especializou no Runada.

"A constituição diz que o Ruanda é uma democracia, mas na verdade trata-se de um país governado autoritariamente por Kagame. Este teve êxito económico, mas apresenta graves défices no contexto dos direitos humanos", analisa.

Mudança na legislação

Em outubro de 2015, o Parlamento aprovou maioritariamente uma alteração constitucional para que Kagame pudesse concorrer a um terceiro mandato. Mais tarde a alteração foi aprovada pelo Senado e por um referendo popular. Teoricamente Kagame pode agora ficar no poder até 2024.

Ruanda Wahlen
Kagame durante ação da sua campanha eleitoral na cidade de Nyanza, no sul do Ruanda Foto: Picture alliance/Zumapress/G. Dusabe

O especialista Henkel considera que o risco é grande que Kagame se perpetue no poder. "Também no passado", explica, "ele prometeu varias vezes não ir além de dois mandatos, ou seja, 14 anos, porque até lá conseguiria assegurar a paz no país. Mas não cumpriu a promessa".

Henkel vê o perigo de um vácuo no poder se um dia no futuro longínquo Kagame for obrigado a deixar a presidência. Esse vácuo poderia pôr em perigo a estabilidade do país.

Política económica de Kagame

Apesar da crítica à situação dos direitos humanos no Ruanda, muitos elogiam a política económica do Presidente. Há anos que a economia cresce uma média de sete por cento, 95% da população tem acesso à internet, e mais de 95% têm acesso a cuidados médicos pelo menos rudimentares. 

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Em entrevista à DW, o analista congolês Jean-Claude Mputu admite que houve conquistas importantes no país, mas adverte que o êxito económico não oculta os problemas do país.

"O Ruanda não se desintegra por causa dos êxitos económicos e do desenvolvimento das infraestruturas. Mas isso é algo passageiro. Por outras palavras: Kagame construiu castelos na areia", disse Mputu, que também acusa o ocidente de fechar os olhos às violações dos direitos humanos no Ruanda, por causa do desenvolvimento económico do país pacificado.

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