1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Documentário aborda experiências de estudantes dos PALOP no Brasil

Carolina Nehring21 de agosto de 2014

O documentário ‘O Outro Lado do Atlântico' enfoca cotidiano de jovens graduados e universitários dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) no Brasil e finaliza gravações neste mês de agosto

https://p.dw.com/p/1CyXx
Equipe do documentário ‘O Outro Lado do Atlântico’Foto: Akiles CV/O Outro Lado do Atlântico

As filmagens do documentário foram feitas nas cidades de Rio de Janeiro, Fortaleza e Redenção, no Brasil e nas ilhas de Santiago, São Vicente e Santo Antão, em Cabo Verde. A longa-metragem teve suporte financeiro de leis de incentivo à cultura no Brasil e é um projeto dos diretores Daniele Ellery e Márcio Câmara, com produção de Allan Deberton.

Em entrevista à DW África, Ellery disse que o objetivo do documentário é contar o cotidiano destes jovens e refletir como estes deslocamentos reconfiguraram as identidades deles. "O filme trata de suas partidas, chegadas e regressos. Através de suas narrativas, também fala sobre nós mesmos, sobre a cultura brasileira e nossa maneira de ser e estar no mundo".

No filme são entrevistados estudantes e profissionais formados no Brasil vindos de países onde se fala português, principalmente em África, mas também uma jovem de Timor-Leste. A ideia de estudar este tema surgiu enquanto Ellery cursava ciências sociais na Universidade Federal do Ceará, onde conheceu muitos estudantes africanos. No mestrado, ela se focou no retorno dos profissionais guineenses e cabo-verdianos aos seus países de origem. Sobre este tema Ellery lançou em 2007 o curta-metragem ‘Identidades em Transito’.

Joao Teixeira im Dokumentarfilm O Outro Lado do Atlantico
João Teixeira, de Guiné-Bissau, durante as gravações do filmeFoto: Chico Alencar/O Outro Lado do Atlantico

Jovens africanos graduados no Brasil

No Brasil os estudantes africanos entrevistados pelo documentário relataram que enfrentaram desafios como as diferenças culturais e a distância da família, além da discriminação, seja pela nacionalidade, pela cor ou por questões sociais.

O guineense João Teixeira contou as dificuldades da sua chegada ao Brasil à DW África: "Quando você vai para outro país, você começa do zero e as coisas são um pouco mais complicadas quando você não tem ninguém por perto". Teixeira se graduou em análise e desenvolvimento de sistemas em uma faculdade privada em Fortaleza, no estado do Ceará. Ele agora se diz adaptado, pretende ficar no Brasil e está começando uma empresa com um ex-colega de faculdade.

Outra entrevistada no 'Outro Lado do Atlântico' foi Fátima Alves, pedagoga que é atualmente professora em Cabo Verde. Alves fez a graduação e o mestrado em universidades públicas no Rio de Janeiro. Ela acredita ter se familiarizado rapidamente ao Brasil e que lá "se sentia, de modo geral, em casa". Mas que se surpreendeu com o pouco conhecimento dos brasileiros sobre a geografia e as diversidades culturais dos países africanos.

Andy Osório im Dokumentarfilm O Outro Lado do Atlantico
Estudante cabo-verdiano Andy OsórioFoto: Chico Alencar/O Outro Lado do Atlantico

O também cabo-verdiano Andy Osório estudou comunicação social no Brasil pelo Programa de Estudantes-Convênio de Graduação e faz um curso de design gráfico. Ele planeja terminar o mestrado e doutorado e então regressar ao seu país para dar aulas. "Tenho plena consciência de que aqui eu adquiro muito conhecimento e tenho que carregar estas experiências para Cabo Verde, você tem que se ressarcir com o teu país".

Estudantes dos PALOP no Brasil

De acordo com as estatísticas da UNESCO, Portugal lidera como o país que mais recebe estudantes dos países lusófonos e Brasil é o segundo principal destino. Anualmente chegam mais de três mil estudantes de Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe para fazer o ensino superior no Brasil. A maioria deles é de origem angolana e guineense, enquanto os cabo-verdianos estão em quarto lugar, depois dos argentinos.

Existem diversas opções para cursar graduação no Brasil, a mais comum é pelo Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G), que oferece ensino superior gratuito a estudantes de países em desenvolvimento. Nos últimos dez anos foram mais de seis mil estudantes selecionados por este convênio, que existe há quase cinquenta anos. Os cursos com o maior número de vagas são letras, comunicação social, administração, ciências biológicas e pedagogia.

Brasilien Bildung Universität in Sao Paulo Zulassung positive Diskriminierung
Estudantes numa das universidades públicas do BrasilFoto: dapd

Para participar do processo seletivo do programa, o candidato deve se inscrever na Embaixada ou Consulado do Brasil. Os estudantes devem ter concluído o ensino médio, ter preferencialmente entre 18 e 23 anos, além de provar que têm condições financeiras de se manter no Brasil. Eles devem também assumir o compromisso de regressar ao seu país de origem e contribuir na área de estudos na qual se graduaram.

Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira

Outra alternativa é a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira (UNILAB), em Redenção, no estado do Ceará. Esta universidade foi criada com o objetivo de promover a integração entre o Brasil e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). A universidade oferece oito opções de cursos de graduação e cinco de especialização. O vice-reitor da UNILAB, Fernando Afonso, disse à DW África que a universidade tem como meta ter até cinquenta porcento de estrangeiros como alunos. Ele explicou ainda, que há a possibilidade dos estudantes de baixa renda recebam auxílios financeiros para cobrir gastos com estadia, alimentação e transporte.

[No title]

Saltar a secção Mais sobre este tema