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Divisão do Mali estará próxima?

28 de maio de 2012

Dois dos grupos que controlam o norte do Mali, a rebelião tuaregue e o movimento islamita Ansar Dine, uniram forças e proclamaram um "Estado islâmico" na região, neste fim de semana. Desafio para o governo de transição.

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Foto: dapd

A criação deste Estado no último fim de semana já foi "categoricamente rejeitada" pelo governo de transição do Mali. Mas ainda assim, o novo “Estado islâmico” de Azawad, no norte do Mali, será “menos radical” na aplicação da Sharia, a lei islâmica, garante Atayer Ag Mohammed, um dos porta-vozes do Movimento Nacional de Libertação de Azawad (MNLA), que no sábado (26.06) anunciou ter-se unido ao movimento islamista Ansar Dine, com o qual criou um “Conselho Transitório do Estado Islâmico de Azawad”.

A fusão entre os separatistas do MNLA e o Ansar Dine, próximo da Al-Qaeda, ocorre depois de, em finais de março, um golpe de Estado em Bamaco ter aberto caminho aos rebeldes para conquistarem esta zona no norte do país, com uma área maior do que a França. O memorando de entendimento assinado pelos movimentos é o culminar de várias semanas de discussões, nem sempre fáceis, entre os dois grupos.

O reconhecimento dos outros países

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que desempenha o papel de mediador da crise no Mali, reagiu ao anúncio de maneira ambivalente. Em declarações ao canal de televisão Al Jazeera, o diretor da CEDEAO para os Assuntos Políticos, Abdel Fatau Musah, advertiu que a aliança rebelde deve aceitar uma solução negociada. Ele salientou que, embora ocupem as principais cidades do norte, estes grupos não têm qualquer controle sobre o restante território.

“Vamos expulsá-los de todos estes centros povoados e temos meios para o fazer”, diz Abdel Fatau Musah. A força da CEDEAO, que está a postos, já está em alerta máximo, acrescenta.

Militantes do movimento islamita Ansar Dine
Militantes do movimento islamita Ansar DineFoto: dapd

Djibril Bassole, ministro dos Negócios Estrangeiros do Burkina Faso, país que lidera as conversações, defendeu que “é sempre melhor negociar só com um grupo do que com vários cujos interesses são, por vezes, diametralmente opostos.” Revelou ainda que os mediadores rejeitam qualquer solução que divida o Mali em duas partes e apelou à aliança recém-formada para que “abandone o terror e o terrorismo.”

Uma Intervenção internacional?

O acordo entre o MNLA e o Ansar Dine cria uma situação nova para a CEDEAO e para as autoridades de transição de Bamaco. O governo do Mali já rejeitou qualquer ideia de criação de um Estado de Azawad e anunciou que pretende recuperar o norte. As Nações Unidas eventualmente poderiam intervir, admite Kodjo Menan, embaixador do Togo no Conselho de Segurança da ONU.

“Primeiro deve ser estabelecida uma unidade em Bamaco para repor a ordem, que depois precisará de um mandato do Conselho de Segurança da ONU através da União Africana.”

No entanto, o tempo que resta é pouco. Com o acordo entre os rebeldes que cria um “Estado islâmico” na região norte, a divisão do Mali parece estar cada vez mais próxima.

Autora: Madalena Sampaio
Edição: Bettina Riffel / Helena Ferro de Gouveia

28.05 Mali fusão de grupos rebeldes - MP3-Mono