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Consequências das revoltas no Norte de África para o turismo

15 de março de 2011

As revoltas em alguns países árabes poderão ter impactos negativos no turismo. Mas eles tentam agora apresentar-se como países livres. Os países africanos lusófonos, PALOP, também poderão tirar partido dos protestos?

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A Bolsa Internacional do Turismo é a mais importante do mundo neste setor económico em expansãoFoto: dapd

„Também as revoluções pacíficas são possíveis“, diz um painel no pavilhão egípcio da ITB, a maior feira do setor turístico do mundo que terminou neste domingo em Berlim. O cartaz quer promover o destino turístico Egito, dizendo que é ali „onde tudo começa“. A alguns metros dali, outra placa vende o país que, no dia 11 de fevereiro, viu o antigo presidente Hosni Mubarak renunciar ao poder após 18 dias de revoltas populares. „Bem-vindo ao país da revolução pacífica“, diz o segundo cartaz, sobre uma foto de fundo que mostra um mar azul-turquesa atrás de uma praia de areias brancas.

Diferentes expositores egípcios ouvidos pela Deutsche Welle em Berlim falaram que têm esperança de mostrar uma imagem mais moderna do Egito aos visitantes que deverão voltar ao país – mas que esta volta ainda pode demorar. Os turistas alemães, por exemplo, ainda estariam temerosos – e os atuais protestos na Líbia e a situação instável nas fronteiras daquele país com o Egito ainda não estariam ajudando a impulsionar novamente o turismo, responsável por cerca de 30% dos recursos egípcios.

Ägypten - Cheops-Pyramide
O turismo é a principal fonte de divisas para o EgitoFoto: picture-alliance/ dpa

Atenção internacional concentra-se no Egito

O Egito ocupou, sozinho, um pavilhão na Feira Internacional de Turismo – mas não foi o único a tentar aproveitar a nova liberdade para projetar uma imagem mais positiva fora de casa e, assim, atrair turistas e investimentos.

A porta-voz do estande da Tunísia, Andréa Filippi, disse que os turistas que virão ao país após a revolução que, em Janeiro, derrubou o presidente BEN ALI, investirão em democracia.

„Os turistas que vierem agora vão conhecer uma Tunísia diferente. As praias ainda estão lá, as pessoas amáveis e a cultura também, mas o país agora é aberto e transparente. Também será possível conhecer muito mais a cultura e as pessoas do que antes, quando o país era fechado. “

Na época da revolução, diz Filippi, o número de turistas caiu até 45% - ela dá atenção especial aos turistas alemães, que representam cerca de 20% dos estrangeiros que visitam a Tunísia anualmente. Além disso, 2011 deverá ser um ano difícil, mas Filippi diz esperar uma recuperação aos poucos no país.

Mais turistas para os PALOP?

Já os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, PALOP, poderão até beneficiar dos protestos populares no Norte da África. Enquanto representantes do arquipélago de Cabo Verde já dizem sentir os efeitos de mais turistas indo ao país ocidental africano, os moçambicanos também acham que os turistas, por ora, vão escolher países mais seguros para visitar. João Morais Ventura é conselheiro econômico da embaixada moçambicana em Berlim.

“Diríamos que Moçambique pode beneficiar-se, já que poderá haver uma transposição da procura no campo do turismo, que antes estavam direcionados para o Norte da África, e a alternativa ser Moçambique e outros países do Sul da África, que apresentam mais estabilidade e mais segurança”.

Segundo Ventura, os protestos em Moçambique em Setembro do ano passado, contra o aumento dos preços de itens de primeira necessidade, não deverão se repetir porque o governo estabilizou, de acordo com o consultor, os preços desses itens e porque o preço do combustível também ficou com um teto acessível.

O que poderá, segundo o consultor, impulsionar o turismo em Moçambique será a realização dos Jogos Africanos no país, em Setembro deste ano. Ventura diz não temer que as estruturas reformadas para o campeonato fiquem em desuso – exatamente porque a maior parte dos edifícios foi reformada. Por outro lado, Ventura admitiu que o maior desafio para o turismo em Moçambique são as vias de acesso deficitárias e o padrão dos alojamentos no país.

Flash-Galerie die schönsten Strände
Os PALOP, Países africanos lusófonos, têm um grande potencial turístico, ainda mal explorado. (Na foto, uma praia no Oceano Índico)Foto: Sami Taipale/nc/sa

Autor: Renate Krieger

Revisão: Carlos Martins / António Rocha

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