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China manterá importação de petróleo angolano, acredita especialista

Cristiane Vieira Teixeira26 de maio de 2014

A economia chinesa, segunda maior do mundo, cresceu menos que nos últimos tempos: 7,4% no período de janeiro a março deste ano. Que significado poderá ter, para Angola, uma desaceleração do crescimento económico chinês?

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Foto: WANG ZHAO/AFP/Getty Images

No ano de 2010, um crescimento económico que ultrapassasse os 10% era comum para os chineses. Mas, no início deste ano, o gigante asiático viu um crescimento de apenas 7,4%.

Uma desaceleração da economia chinesa pode ter impactos em todo o mundo, acreditam alguns especialistas. Especialmente afetados poderiam ser os países que produzem matérias-primas, como é o caso de Angola, que produz petróleo.

Em entrevista à DW África, no entanto, a professora assistente da Escola de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Tecnológica Nanyang, na Singapura, Ana Cristina Alves, diz que a economia angolana não deve sofrer impactos por agora.

DW África: Seria de se esperar que as relações comerciais entre os dois países também desacelerem, considerando que a China adquiriu em 2013, 45% do petróleo angolano exportado?

Ana Cristina Alves (ACA): Eu penso que, na prática, nós não veremos isso acontecer nos próximos anos. Todas as previsões em termos de demanda de petróleo da China, apontam no sentido de que o consumo de petróleo na China tenderá a subir nos póximos 15 anos. Essa desaceleração económica na China não implicará, no imediato, uma diminuição nas importações de petróleo, porque a China continuará a necessitar desse mesmo petróleo para sustentar esse crescimento económico.

DW África: Considerando que Angola não é o único fornecedor de petróleo da China, qual seria o ponto forte de Angola nessa relação comercial bilateral?

Hafen von Schanghai ARCHIV 2006
O porto de Xangai, na China, por onde passa boa parte das exportações do paísFoto: picture-alliance/dpa

ACA: Não haverá grandes alterações quando falarmos da relação com Angola, porque [a China] continuará a importar petróleo de Angola. Angola é a segunda maior fonte de petróleo da China, a seguir à Arábia Saudita e é um parceiro que tem sido muito consistente. Começaram a exportar petróleo para a China no final da década de 90, até hoje não houve nenhuma interrupção e tem havido um aumento significativo, principalmente desde 2005. Num cenário em que a China tenha que considerar diminuir a importação de petróleo, irá obviamente diminuir a importação de países que não têm sustentabilidade [da oferta].

DW África: Num caso que contrarie as suas expectativas e em que se verifique a efetiva diminuição das relações comerciais entre os dois países, nomeadamente, a queda na exportação do petróleo angolano para a China, quais serão os impactos para Angola?

ACA: Dependerá do preço do petróleo. Se o preço do petróleo se mantiver alto ou subir, a diminuição das importações chinesas não afetará tanto Angola. Mas prevê-se que, se houver uma diminuição da procura chinesa do petróleo, o preço do petróleo vá diminuir – uma vez que a China é o maior consumidor mundial de petróleo.

DW África: E como Angola poderia minimizar esses impactos?

Ölproduktion in Angola
Segundo a petrolífera estatal angolana, Sonangol, em 2013, a China adquiriu 45% do petróleo angolano exportadoFoto: MARTIN BUREAU/AFP/Getty Images

ACA: A China não fazia parte do círculo dos dez principais parceiros económicos de Angola. Não era um grande investidor, não era um grande parceiro comercial, não era um grande parceiro de cooperação económica e hoje em dia está entre os três primeiros. Portanto, ultrapassou vários países nos últimos dez anos. Uma desaceleração no relacionamento entre os dois países implicaria também numa redefinição em termos de parcerias económicas angolanas.

DW África: E que outros parceiros Angola poderia ou deveria procurar?

ACA: São parceiros com quem Angola tem vindo a ter um comércio mais consolidado ao longo dos últimos anos, também no âmbito da exportação de petróleo. Isto é, são outros países asiáticos – nomeadamente a Índia. Os Estados Unidos, que foram até 2007 os maiores compradores do petróleo angolano, são uma carta fora do baralho - agora com a descobertas de petróleo e de gás na América.

DW África: Para finalizar a nossa conversa, gostaria de saber quais são as suas expectativas para o relacionamento entre China e África para os próximos anos?

[No title]

ACA: Penso que iremos assistir nos próximos anos a um intensificar do investimento chinês em África, que até agora tem sido muito por via das construtoras, que são construtoras estatais da China. Nos próximos anos, veremos também a entrada de investimento privado da China.

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