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DesastresMoçambique

Cheias em Maputo: Milhares de pessoas ainda aguardam resgate

13 de fevereiro de 2023

Seis pessoas morreram, três estão desaparecidas e mais de 36 mil foram afetadas pelas inundações que atingem a província e cidade de Maputo, no sul de Moçambique, onde aumentam as críticas à atuação das autoridades.

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Foto: Romeu da Silva/DW

De acordo com o Instituto Nacional de Gestão de Desastres (INGD), cerca de 19 mil pessoas estão na cidade de Maputo e mais de 17 mil na província com o mesmo nome. As autoridades moçambicanas alertam que este número pode ainda subir porque há ainda cerca de seis mil pessoas que continuam por resgatar em algumas zonas sitiadas na província de Maputo, principalmente nos distritos de Boane e Moamba.

O trabalho de resgate é ainda desafiante, reconhece Paulo Tomás, porta-voz do INGD, em entrevista à STV, parceira da DW. "Estamos a falar da corrente das águas que muitas vezes não permite às embarcações de resgate chegar aos locais [onde as pessoas continuam penduradas nos tetos ou nas árvores], para a retirada destas famílias", diz.

Há críticas à exiguidade dos meios de resgate por parte do INGD, principalmente as embarcações. No último fim de semana, as operações de resgate na província de Maputo foram comandadas por embarcações de pessoas singulares, através do movimento denominado SOS Boane. O movimento resgatou neste domingo (12.02) mais de mil pessoas.

O INGD reconhece a chegada tardia aos locais inundados, mas garante que neste momento já tem 17 embarcações alocadas para o salvamento das famílias nos distritos da província de Maputo.

Milhares de casas e infraestruturas continuam alagadas
Milhares de casas e infraestruturas continuam alagadasFoto: Romeu da Silva /DW

Falta de meios aéreos

Paulo Tomás diz que o grande "calcanhar de Aquiles" nas ações de salvamento é a falta de meios aéreos.

"O ideal seria termos todos os meios e recursos, estamos a falar de meios materiais e humanos disponíveis para prestarmos apoio, mas devido à falta de disponibilidade vamos trabalhando com o que temos", afirma o porta-voz do INGD.

Grande parte das pessoas já resgatadas está acomodada em 10 centros criados pelo Governo na província do Maputo. "O nosso grande desafio é que as pessoas, ao chegar aqui, tenham apoio psicológico", diz Luisa Maque, diretora geral do INGD.

Através de movimentos de solidariedade, está a ser canalizado apoio alimentar aos centros de acomodação.

Milhares de casas e infraestruturas privadas estão ainda alagadas. As autoridades dizem que cerca de 15 escolas foram também afetadas.

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Estradas cortadas

A ligação rodoviária entre várias localidades dos distritos da Namaacha, Boane e Moamba está cortada devido ao desabamento de várias pontes.

O primeiro-ministro moçambicano, Adriano Maleiane visitou neste domingo o distrito de Boane, o mais afetado pelo fenómeno.

No final da visita, o governante garantiu à imprensa a reposição da transitabilidade nas vias afetadas, mas sem avançar datas, justificando que "se se exigir a intervenção que está ao alcance do Governo, a [reposição] será feita. Mas por agora ainda estamos num período chuvoso", lembrou.

O Instituto Nacional de Meteorologia alerta para a continuação de fortes chuvas nos próximos dias, o que poderá afetar mais pessoas.

Apoio do Banco Mundial

O Banco Mundial suspendeu no ano passado o apoio ao INGD, por alegado desvio de aplicação de cerca de 32 milhões de meticais (cerca de 470 mil euros), destinados à mitigação dos efeitos das calamidades.

Segundo uma carta do Banco Mundial, endereçada ao ministro moçambicano da Economia e Finanças, parte deste valor terá sido usado para compra de viaturas e construção de infraestruturas.

Mas em comunicado de imprensa emitido na tarde deste domingo (12.02), o INGD diz que o caso já está ultrapassado e o Banco Mundial retomou o seu apoio à instituição.