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Censo geral em Moçambique começa com problemas

31 de julho de 2017

O recenseamento geral da população arranca esta terça-feira (01.08) em Moçambique. Dezenas de recenseadores na província da Zambézia já se queixam da falta de organização no processo. E ameaçam fazer greve.

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Cidade de Quelimane, capital da província da Zambézia
Cidade de Quelimane, capital da província da ZambéziaFoto: DW/J. Beck

O processo já começa com problemas. Dezenas de recenseadores na cidade de Quelimane queixam-se que não tiveram alimentação e parte do material durante a formação para o quarto Recenseamento Geral da População e Habitação. Por isso, ameaçam não ir para o terreno.

Censo geral em Moçambique começa com problemas

"O país ficou 10 anos a preparar este processo e, imagine só, não se consegue dar água aos formandos, nem material. Partilhamos um livro entre três e os lápis são nossos", contou um dos vários recenseadores que falaram à DW África sob condição de anonimato.

"Nem imaginamos o que será de nós depois de entrarmos no terreno para fazermos o trabalho", desabafa.

Os recenseadores ouvidos pela DW África dizem estar cansados de ser enganados. "A situação vai de mal a pior. Esperávamos que os nossos superiores nos viessem explicar o que está a acontecer", lamenta outro formando.

Sob protesto

Os recenseadores têm organizado protestos contra as condições em que decorreram as formações. "As manifestações amainaram quase na sua totalidade", afirma o delegado do Instituto Nacional de Estatística na Zambézia, Armando Terenha, que está ciente das dificuldades.

Mosambik - Delegierter des Nationalen Instituts für Statistik - Armando Terenha
Armando Terenha garante que Zambézia terá recenseadoresFoto: DW/M. Mueia

Explica que houve uma demora a transferir o dinheiro de Maputo para a província. Armando Terenha garante, no entanto, que a Zambézia terá recenseadores quanto baste para fazer o recenseamento. "Teremos 13.079 recenseadores, mas esse número vai subir, porque recrutamos cerca de 21 mil candidatos a controlador e recenseador. E 4.872 estarão a controlar recenseadores em campo", adianta.

Ainda assim, o líder comunitário Monte Tivir duvida que o recenseamento traga resultados fiáveis, porque os recenseadores estão desmotivados e a população não está informada sobre o processo. "Eu sou líder do 1º escalão, mas não sei como é que essa gente vai trabalhar. Os recenseadores passarão  de casa em casa? Quem vai mobilizar as pessoas?", questiona.

O administrador de Quelimane, Carlos Carneiro, assegura, porém, que os líderes comunitários serão envolvidos no processo, a decorrer de 1 a 15 de de agosto. A província da Zambézia espera recensear perto de cinco milhões de habitantes em mais de 13 mil áreas.

Presidente pede colaboração aos moçambicanos

O Presidente Filipe Nyusi apelou aos moçambicanos a colaborarem com as equipas de recenseadores, lembrando que o quarto recenseamento geral vai recolher informações que irão ajudar as novas políticas de habitação do governo.

"O Censo é igualmente uma oportunidade para o Governo colher informações vitais que lhe permitem desenhar políticas públicas mais consentâneas com a realidade e necessidades da população, especialmente no que tange à políticas de emprego, e de desenvolvimento", explica o chefe de Estado moçambicano, numa mensagem distribuída à imprensa.  

Espera-se que o censo geral abranja mais de cinco milhões de agregados familiares, prevendo-se o registo de mais de 27 milhões de pessoas. O custo do quarto Recenseamento Geral da População e Habitação está estimado em 75 milhões de dólares (66,5 milhões de euros).

 

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