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Partidos trocam acusações sobre Novo Banco

13 de março de 2017

Banco de Cabo Verde avançou com venda da maior parte da atividade do Novo Banco para o segundo maior banco do país. O caso ganha contornos políticos com recados entre os dois principais partidos.

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Foto: DW/N.dos Santos

A resolução e venda da maior parte da atividade do Novo Banco (NB) para a Caixa Económica de Cabo Verde está a marcar a atualidade do país. A medida, que poderá custar ao Estado cabo-verdiano cerca de 16 milhões de euros só em perdas, está a merecer a atenção tanto do Governo, como da oposição, além dos principais envolvidos, como são os 65 trabalhadores da instituição.

Presidente recebe trabalhadores

O Banco Central e o Executivo já anunciaram que, depois da liquidação administrativa do Novo Banco, os trabalhadores vão ser indemnizados e dispensados. Com o objetivo de lutar pelos seus direitos, os trabalhadores formaram uma comissão e têm-se desdobrado em contactos com diversas entidades. Neste âmbito, vão ser recebidos esta terça-feira (14.03.) pelo Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca.

Jorge Carlos Fonseca
Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos FonsecaFoto: Nélio dos Santos

"Receberei em audiência uma delegação de trabalhadores do Novo Banco. Nessa altura estarei em melhores condições para fazer uma avaliação mais objetiva do impacto desta decisão sobre os direitos e as expetativas dos trabalhadores", deu conta Jorge Carlos Fonseca, acrescentando que, pela informação que tem, "não havia alternativas quanto à resolução em si. Quanto ao impacto sobre os 65 trabalhadores, tem que se admitir que são 65 famílias."

Troca de acusações entre partidos

Esta segunda-feira, a comissão dos trabalhadores do Novo Banco já reuniu com Janira Hopffer Almada, presidente do principal partido da oposição (PAICV).

Para Nuias Silva, vice-presidente deste partido, o Governo abriu caminho para o processo de extinção do Novo Banco de forma "deliberada, intencional e consciente". Segundo Nuias Silva, o Executivo tem interesse "deliberado que o Novo Banco caia para depois constituir um novo NB". "Agora pergunto: com o dinheiro que se vai gastar na implementação de um novo NB não se poderia recuperar o Novo Banco, ainda que o Governo tivesse que recentrar os objetivos, os conselhos de administração, os planos de negócio, mas salvaguardando os interesses nacionais e eventuais perdas?"

130317 CV Novo Banco - MP3-Mono

Olavo Correia, ministro das Finanças e vice-presidente do Movimento para a Democracia (MpD), já tinha pedido a responsabilização política de todos os envolvidos neste caso, numa clara referência ao anterior Governo. Para o governante "a culpa não pode morrer solteira": "Existem responsabilidades políticas a serem assacadas. As instituições da república devem atuar, quer o Parlamento como as instâncias judiciais. Tal qual já anunciado pelo Banco de Cabo Verde, todos os ex-membros do Conselho de Administração do Novo Banco com responsabilidades diretas sobre a deterioração da situação financeira da instituição também serã responsabilizados", assevera.

É "uma boa medida" diz UCID

Já o deputado e dirigente da União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID), João Santos Luís, elogia a decisão do Banco Central. "O caso do Novo Banco não é surpresa para nenhum de nós. No nosso ponto de vista, o Banco de Cabo Verde tomou uma boa medida antes que se chegasse a uma situação de total descalabro", afirma.

A resolução e venda da maior parte da atividade do Novo Banco para o segundo maior banco do país é o primeiro passo para a sua liquidação administrativa.

O Novo Banco é uma instituição de capitais quase exclusivamente públicos com mais de 13 mil depositantes e vocacionada para o financiamento de pequenos negócios.

O Banco Central acusa-o de se ter desviado do modelo de negócio para o qual foi criado.

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