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Cabo Delgado: Morte de líder terrorista foi "grande vitória"

25 de agosto de 2023

Bonomade Machude Omar, líder do Estado Islâmico em Moçambique, foi morto em combate, avançam as Forças Armadas de Defesa de Mocambique. Para analista, foi "uma grande vitória" que "eleva a moral das forças".

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Mosambik I Cabo Delago
Foto: Marco Longari/AFP/Getty Images

Bonomade Machude Omar, líder do Estado Islâmico em Moçambique, que coordena os grupos que atuam na província de Cabo Delgado, foi morto em combate.

A informação foi avançada esta sexta-feira (25.08) pelo chefe de Estado Maior General das Forças Armadas, Joaquim Rivas Mangrasse, na capital provincial, Pemba.

"Da averiguação feita, e ela ainda continua, foi constatado, com evidências factuais, a colocação fora de combate do líder principal que dirige as operações desde a eclosão do terrorismo em Moçambique, o moçambicano Bonomade Machude, conhecido como Ibin Omar, nas matas conhecido também por Abu Suraka", anunciou, numa declaração à imprensa, no quartel de Maringanha, o general Joaquim Rivas Mangrasse.

"As imagens estão disponíveis. Estão a merecer uma avaliação definitiva, pois ao lado do líder terrorista Ibin Omar foram igualmente atingidos mortalmente mais dois seus seguidores diretos, ainda por identificar, na companhia de mais terroristas", acrescentou, na mesma comunicação.

Ibin Omar, considerado o líder do grupo radical Estado Islâmico em Moçambique, foi visado pela segunda fase da denominada operação "Golpe Duro II", em curso. No terreno em Cabo Delgado, combatem o terrorismo as Forças Armadas de Defesa de Moçambique, desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).

Líder terrorista Ibin Omar "fora de combate", anunciam FADM

Tropas com moral alta

Para o analista baseado em Cabo Delgado Aly Caetano, a morte do principal líder terrorista em ação na província nortenha, tem um significado importante no combate ao terrorismo em Moçambique.

"Eleva extremamente a moral das forças que estão a combater em Cabo Delgado, principalmente para a força moçambicana que esteve sempre no terreno. Por outro lado, mostra o impacto que teve o pedido de apoio da força estrangeira. O Ruanda como a SADC (SAMIM), para eles também é uma grande vitória que consolida a ideia de que em conjunto podemos combater o terrorismo," avalia.

Aly Caetano refere ainda que o anúncio das forças governamentais também dá maior sossego à população, mas considera ser prematuro avaliar o estágio do terrorismo após este marco. Para ele, o grupo poderá retaliar atacando locais estratégicos, aumentando a dimensão dos ataques ou pode ainda enfraquecer. 

"A história mostra que, geralmente os grupos armados enfraquecem quando temos a morte de um grande líder. Num caso doméstico, tivemos o caso de Mariano Nhongo, quando morreu. Foi também o caso de Bin Laden quando morreu. Sentimos uma fragilização dos grupos," avalia. 

Aly Caetano
Aly Caetano: "Eleva extremamente a moral das forças que estão a combater em Cabo Delgado, principalmente para a força moçambicana que esteve sempre no terreno"Foto: Privat

"O terrorismo ainda não terminou"

Ao anunciar o fato a jornalistas no quartel de Maringanha, em Pemba, o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, Joaquim Mangrasse, realçou que estes últimos acontecimentos não significam necessariamente o fim do terrorismo em Moçambique, mas um importante passo rumo à estabilização de Cabo Delgado. 

"Como temos estado a afirmar, o terrorismo ainda não terminou", avisou, acrescentando que atualmente os rebeldes atuam em "pequenos grupos dispersos".

"Estes são a razão da nossa permanente vasculha e limpeza", afirmou.

"Contudo, reafirmamos que o inimigo foi desalojado de todas as sedes distritais que se encontravam ocupadas. Mais uma vez, as operações continuam em coordenação com os nossos parceiros", acrescentou o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas de Moçambique.

Esta semana o Estado Islâmico reivindicou dois ataques às Forças Armadas de Moçambique em Cabo Delgado, apontando a morte de pelo menos nove militares, mas ainda não confirmados oficialmente.

Em duas mensagens divulgadas pelos canais de propaganda do grupo foi referido que o primeiro ataque resultou de uma "explosão de uma bomba" contra forças moçambicanas, no distrito de Mocímboa da Praia, sem mais detalhes.

No segundo alegado ataque, na mesma província, mas neste caso no distrito de Macomia, o Estado Islâmico afirmou que matou sete soldados moçambicanos e dois oficiais, numa "emboscada".

(Última atualização às 20:36 horas locais na Alemanha)

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