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Cabinda é tema de manifestação contra o Governo de Angola

António Rocha28 de novembro de 2014

Quebrar o silêncio internacional sobre o problema do enclave angolano de Cabinda: é esse o objetivo de uma manifestação que se realiza no sábado, 29 de novembro, na cidade suíça de Zurique.

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Foto: Association Cabindaise em Suisse

Depois do apelo lançado, há meses, pela Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC) para um diálogo com as autoridades de Luanda, seguido pelo reforço da presença militar no enclave anunciado pelo ministro angolano de Defesa, e da realização de uma mesa redonda com ativistas cívicos sob o lema “refletir Cabinda”, agora a Comunidade cabindesa da Suíça organizou, juntamente com representantes do povo palestiniano, congolês, afegão e curdo, uma manifestação, para denunciar o que considera ser o silêncio internacional sobre o problema cabindês.

A “grande marcha” em Zurique, como lhe chamam os organizadores, estava planeada começar às 12:30 horas locais. Os responsáveis esperam uma boa participação como resposta à pouca vontade das autoridades angolanas em aceitarem os apelos lançados pelo movimento independentista. Mas este insiste no diálogo com Luanda, como disse à DW África, Jean-Claude Nzita, porta voz da FLEC: ”Já compreendemos que o governo angolano não tem vontade nem boas intenções para negociar conosco, porque, por diversas vezes, manifestamos esse desejo e até hoje não obtivemos nenhuma resposta”.

Urge uma solução pacífica

Porém, diz Nzita, os governantes “devem entender que é urgente e necessária uma solução pacífica para a questão de Cabinda”, A convocação da marcha de protesto surgiu quando o ministro angolano da Defesa, João Lourenço, anunciou um reforço militar em Cabinda: “para mostrar à comunidade internacional que não queremos a guerra, mas sim o diálogo com as autoridades angolanas”.

Karte Angola und Cabinda

O porta-voz da FLEC diz que o seu movimento sente o envio do ministro da Defesa a Cabinda como uma “declaração de guerra: “Assim sendo, não podemos cruzar os braços. Porque é que países como os Estados Unidos da América, a França e a própria Alemanha não condenam uma atitude belicista como esta das autoridades angolanas?”, pergunta Nzita, acrescentando que, se as ameaças fossem proferidas pela FLEC, “esses países considerar-nos-iam um bando de doidos. Não está certo“.

Nzita felicita-se ainda pelo fato de manifestação contar com o apoio das comunidades afegã, da República Democrática do Congo, e da Palestina: “para nós já é uma vitória, porque vamos reforçar a nossa posição e todos juntos dizer: “não à ocupação de Cabinda”. Pedimos ao mundo que seja testemunha das atrocidades que o regime de Angola vem cometendo em Cabinda. Ele quer a guerra. Então ela será longa e popular”.

Jean-Claude Nzita
Jean-Claude Nzita, porta-voz da FLECFoto: DW/J.-C. Nzita

Apelo à intervenção internacional

Segundo a FLEC, a manifestação de Zurique é um apelo à sublevação pacífica, principalmente dos jovens em Cabinda. Esta é a única arma que, por enquanto, pensam utilizar para solucionar, de uma vez por todas, a questão do enclave angolano: “O nosso povo em Cabinda deve compreender que mais ninguém será capaz de solucionar o problema e que deve ser ele o dono do seu destino. Um povo com medo nunca consegue libertar-se, mas também nenhum ditador pode ser mais forte que o povo, este é o nosso lema. Por isso apelamos aos jovens para que compreendam que a solução do problema cabinda está nas mãos deles e que devem seguir exemplos recentes em África: Burkina Faso, Líbia, e tantos outros”.

Para Jean-Claude Nzita, os habitantes do enclave de Cabinda já não podem mais viver na situação de insegurança em que se encontram. O porta-voz pede uma intervenção da comunidade internacional: “A situação continua cada vez mais difícil. As mulheres já não se deslocam aos seus campos de cultura porque são impedidas pelos militares. Estes prendem, violam, raptam e até massacram as pessoas. A situação é grave e degenera-se a cada dia que passa. Aquela população já não pode mais sofrer”.

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