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Burkina Faso vai às urnas depois de golpe de Estado

Katrin Gänsler/Maria João Pinto27 de novembro de 2015

No Burkina Faso, este domingo (29.11) é dia de eleições presidenciais e legislativas. Finalmente, um Executivo eleito vai substituir o Governo interino, no poder há 13 meses, desde a queda do Presidente Blaise Compaoré.

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Campanha eleitoral no Burkina FasoFoto: imago/Xinhua Afrika

Na campanha eleitoral, pelas ruas de Ouagadougou, ouve-se o hino do Movimento para o Povo e Progresso. O MPP, partido dos dissidentes do regime de Blaise Compaoré, e a UPC – a União para o Progresso e Mudança – são os partidos mais populares.

A escolha de um novo Parlamento e um novo Presidente, no domingo (29.11), deverá levar o país de 19 milhões de habitantes de volta à democracia. Em Outubro de 2014, uma revolta popular forçou o Presidente Blaise Compaoré a abdicar do poder depois de 27 anos. Seguiu-se um ano de instabilidade. No passado mês de setembro, a guarda presidencial do Burkina Faso levou a cabo um golpe de Estado. Uma semana depois, o Governo de transição regressou ao poder. Fousseni Nakolemda, um estudante de Psicologia de 27 anos, espera ansiosamente pelas eleições. Vai votar pela primeira vez “Após 27 anos de ditadura do regime de Compaoré, cabe-nos mudar as coisas. Precisamos de fazer uma boa escolha. E essa escolha depende dos programas de cada partido e dos planos que cada candidato tem para a juventude.”

Burkina Faso Präsidentschaftswahl Ralf Wittek
Ralf WittekFoto: DW/K. Gänsler

Candidatos com promessas semelhantes

Na corrida às presidenciais estão 14 candidatos. E todos eles, diz Fousseni, dirigiram-se especialmente aos jovens durante a campanha. É um grupo-alvo importante: mais de 65% dos burkinabés têm menos de 25 anos. Para além de se focarem na juventude, todos os candidatos fizeram promessas semelhantes: querem combater a corrupção no país, criar empregos e melhorar as infraestruturas. As promessas são ambiciosas. Mas há um problema de que nenhum candidato fala, diz Ralf Wittek, da Fundação Hanns-Seidel, afiliada da União Social Cristã (CSU) alemã, em Ouagadoudou.

Segundo ele, "quase ninguém explica como se pode financiar tudo isto. Fazem promessas sem fim. Há alguns candidatos mais pequenos. Por exemplo, Jean-Baptiste Natama, que realmente definiu o seu programa de forma objetiva e analítica. Mas ele não tem hipóteses porque não tem uma base no país. E a base, aqui, é quase sempre dinheiro, acima de tudo.”

Burkina Faso, Wahlkampfplakat
Cartaz do candidato Roch Marc Christian KaboreFoto: FP/Getty Images/I. Sanogo

Dinheiro para financiar uma grande campanha eleitoral não parece ser um problema para dois dos candidatos: Zéphirin Diabré e Roch Marc Christian Kaboré, figuras conhecidas no Burkina Faso, estão à frente na corrida presidencial. Diabré, de 56 anos, cabeça-de-lista da UPC, foi um dos ministros de Blaise Compaoré antes de mudar para a oposição. Kaboré, de 58 anos, candidato do MPP, foi primeiro-ministro no regime do ex-Presidente.

Previsão de ordem e tranqulidade
As sondagens mais recentes revelam que o vencedor deverá ganhar por uma pequena margem, o que será também uma novidade no Burkina Faso. E, apesar de toda a instabilidade dos últimos 13 meses, os observadores consideram que o ambiente deverá manter-se calmo, nos próximos dias.

Burkina Faso Präsidentschaftswahl Wahlwerbung
Propaganda eleitoral do candidato Zéphirin DiabréFoto: DW/K. Gänsler

Aminata Kassé, diretora do Instituto Nacional de Democracia, diz que o trabalho de preparação da Comissão Eleitoral Independente decorreu sem incidentes. Segundo ela, "não houve nenhum problema com as listas de eleitores. Foram abertas novamente alguns meses antes das eleições e, por isso, houve novas inscrições. Além disso, também teve lugar uma campanha para explicar às pessoas como devem votar.”

Cerca de 5 milhões e meio de eleitores são chamados às urnas no domingo (29.11). Os resultados preliminares devem ser conhecidos na segunda-feira (30.11).

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