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Inquérito sobre concerto em Benguela que fez oito mortos

17 de outubro de 2016

Pelo menos oito pessoas morreram e dezenas ficaram feridas num espetáculo realizado no fim de semana, na cidade angolana de Benguela. Testemunhas dizem que o Clube Nacional, onde decorreu o concerto, estava sobrelotado.

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Angola Krankenhaus Benguela
Hospital Geral de Benguela recebeu as vítimas do acidente ocorrido durante festival de música neste fim de semanaFoto: DW/N. Sul D'Angola

O festival "Afro Music Channel", que no último sábado (15.10) reuniu cerca de 30 artistas na província angolana de Benguela, terminou já na madrugada de domingo com pelo menos oito mortos, vítimas de asfixia, e um número indeterminado de feridos. A informação foi confirmada pela Polícia Nacional.

O incidente ocorreu no final do espetáculo, que decorria desde as 16:00 no Estádio Nacional de Benguela. Várias testemunhas relacionam o incidente com a sobrelotação do recinto, que terá provocado asfixia dos espectadores e, também, devido a uma agitação criada pela Polícia de Intervenção Rápida quando tentava encontrar supostos deliquentes no local.

"Atiraram uma bomba tóxica e ao sair do estádio com aquela confusão toda, muita gente caiu no chão e acabou por desmair por causa do fumo. Muitos morreram, porque foram pisadas na cabeça”, conta uma das testemunhas, que preferiu não ser identificada.

Vítimas mortais e feridos

Até o momento, oito mortos já foram identificados por familiares. Em relação aos feridos, que segundo a enfermeira do Hospital Geral de Benguela, Deolinda da Silva, eram mais de 70, quase todos já receberam alta.

17.10.16 Benguela mortes em concerto - MP3-Stereo

"Era por volta de uma hora da manhã. Recebemos muitas pessoas aqui no banco de urgência, chegavam simultaneamente. Eram pacientes feridos, alguns já acompanhados por familiares seus e a maior parte eram casos de ortopedia, com ferimentos leves que foram logo atendedido e tiveram alta. Casos de cirurgia não foram muitos e oito contabilizamos oito cadáveres”, relata a enfermeira que chefiava a equipa em serviço no dia da tragédia.

Investigação em curso

O campo do Clube Nacional de Benguela, local onde se realizou o espetáculo, tem capacidade para acolher oito mil espetadores, mas organização admite ter vendido mais de 15 mil bilhetes. 

Contactado pela DW África, Nino Republicano, o coordenador da LS Republicano, produtora responsável pelo festival, não quis dar entrevista, mas descartou qualquer responsabilidade pelo incidente. Nino atribuiu a culpa à Polícia Nacional e disse que a segurança do evento era da responsabilidade da corporação.

Segundo o jurista Nelson Ventura, a Procuradoria-Geral da República (PGR) deve abrir um inquérito para apurar as responsabilidades civil e criminal dos organizadores do evento e eventualmente da Polícia Nacional.

Angola Luanda Justizpalast
Jurista pede inquérito da Procuradoria-Geral de AngolaFoto: DW/C.V. Teixeira

"A PGR, enquanto representante do Estado para o cumprimento legalidade, deve abrir um inquérito para se apurar as responsabilidades civil e criminal, quer para os organizadores da atividade quer para aqueles que participaram materialmente na perda de vidas humanas. A própria Polícia não devia permitir o excesso de superlotação do estádio e, assim sendo, dá a entender que houve um conluio entre a Polícia e os organizadores do evento", afirmou o jurista.

Um inquérito policial já foi aberto por orientações do Ministério do Interior. O festival musical realizado pela produtora LS-Republicano tinha patrocínio do dirigente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder), general Bento Kangamba. O festival reuniu no mesmo palco os principais nomes do cenário musical angolano, entre eles Big Nelo, Puto Português, Ary, Yola Semedo e Yuri da Cunha.

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