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Banco Mundial aconselha Moçambique a reestruturar a dívida

Lusa
11 de fevereiro de 2018

A economista-chefe do Banco Mundial em Maputo, Shireen Mahdi, aconselha o Governo moçambicano a reestruturar a dívida o mais depressa possível, para clarificar a situação económica e voltar a ter um crescimento robusto.

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Foto: DW/M. Sampaio

"O Governo de Moçambique lançou um processo de reestruturação com os credores e isso é um processo importante que estamos a observar", referiu Shireen Mahdi este domingo (11.02) numa entrevista à agência de notícias Lusa. A receita sugerida pelo Banco Mundial consiste em obter resultados "quanto mais cedo, melhor". "O conselho que damos é de reduzir a incerteza no cenário económico e quanto mais tempo as discussões decorrerem, mais incerteza vai haver", acrescentou.

Em causa está um acordo com os credores da dívida soberana de 727,5 milhões de dólares lançada em abril de 2016 e que Moçambique deixou de remunerar, bem como com os credores dos cerca de 1,4 mil milhões de dólares em empréstimos à ProIndicus e à Mozambique Asset Management. São cerca de dois mil milhões de dólares de dívidas ocultas contraídas por três empresas do Estado em 2013 e 2014, com base em garantias estatais obtidas à margem da lei, sem conhecimento do parlamento, nem dos parceiros internacionais.

Políticas fiscais mais rígidas

O destino do dinheiro está por averiguar e as empresas públicas alegam segredo de Estado para não revelar informações, o que faz com que parte dos apoios internacionais ao país continuam bloqueados. "A resolução da situação de dívida seria benéfica para Moçambique", resume Shireen Mahdi.

Mosambik Eisenbahnlinie von Maputo nach Simbabwe
Taxas de juro muito altas estão a afastar os investidores económicos dos negócios em MoçambiqueFoto: picture-alliance/AAI/E. Nathan

A estabilização da situação macroeconómica é importante numa altura em que "as taxas de juro são muito altas para os negócios", ou seja, pedir dinheiro emprestado aos bancos está fora do alcance das pequenas e médias empresas. "Agora que a inflação reduziu, talvez seja altura de a política monetária ser aliviada. Mas para isso precisamos de políticas fiscais mais rígidas e fortes para controlar as despesas públicas e para melhorar a eficiência de despesas sociais e de investimento em infraestruturas chave para o crescimento", concluiu Shireen Mahdi.

BMI diz que doadores não voltam este ano

Também este domingo, a consultora BMI Research avisa que os doadores de Moçambique não vão regressar ao país no decorrer deste ano e que o investimento público vai continuar a ser reduzido nos próximos tempos devido à falta de apoio internacional. "O Governo de Moçambique vai continuar a cortar nos investimentos nos próximos trimestres para tentar lidar com a pressão orçamental que surge da retirada da assistência internacional", alertam os analistas desta consultora do grupo da agência de 'rating' Fitch.

Na mais recente análise de risco da consultora, os analistas mostram-se convencidos de que "há poucas hipóteses de os credores estrangeiros e doadores voltarem em 2018 e com o país a ter eleições durante este ano e eleições nacionais em 2019, é improvável que a despesa corrente seja reduzida".

Para estes analistas, a economia moçambicana "emergiu do pior da crise que se seguiu às revelações sobre a dívida oculta", e o Produto Interno Bruto (PIB) vai acelerar devido à descida da inflação, que por seu turno "vai impulsionar a procura interna e contribuir para a atividade económica, que beneficia também dos investimentos privados nas infraestruturas e da produção de carvão".

O crescimento, no entanto, não estará ao nível do passado recente, ficando-se pelos 4,6% este ano, acima dos 4,1% estimados para o ano passado e 3,8% em 2016, mas "abaixo da tendência de longo prazo de 7% registada entre 2000 e 2015".

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