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Luaty Beirão de novo em greve de fome

Lusa / João Carlos (Lisboa)6 de maio de 2016

Irmã de ativista condenado por atos preparatórios de rebelião diz que ele não come, está nu e em silêncio por ter sido levado para outra prisão. Em Portugal foi lançado um movimento de apoio a presos políticos angolanos.

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Foto: Luaty Beirão

A irmã de Luaty Beirão confirmou, esta quinta-feira (06.05), que o ativista luso-angolano está em greve de fome, em silêncio e nu em protesto contra a sua transferência da cadeia de Viana para o Hospital-Prisão de São Paulo.

"Ele não queria ir. Queria continuar na comarca de Viana para poder denunciar certas situações ilegais que se estão a passar lá", disse Serena Mancini à agência de notícias Lusa. "Ele foi levado à força, pelo que eu soube. Mal chegou lá começou a fazer o protesto de fome, silêncio e nudez. Recusou-se a receber a comida que o familiar levou."

Outros 11 ativistas também foram transferidos esta semana para o hospital-prisão. Os jovens foram condenados a 28 de março a penas que variam entre os dois anos e três meses e oito anos e seis meses de prisão efetiva por atos preparatórios de rebelião e associação de malfeitores.

Movimento de apoio a presos políticos

EU Parlamentarier - Ana Maria Gomes
Eurodeputada Ana Gomes: portugueses "não podem ficar calados"Foto: CC-BY-Security & Defence Agenda

Os portugueses "não podem ficar calados" em relação às violações dos direitos humanos em Angola, reitera a eurodeputada socialista Ana Gomes. "Exigimos que os direitos que estão consignados na própria Constituição angolana sejam respeitados. Exigimos que haja justiça que efetivamente funcione em Angola."

Ana Gomes faz parte de um movimento de apoio aos presos políticos angolanos lançado esta quinta-feira em Lisboa. A ideia de criar o movimento partiu do ex-líder do Bloco de Esquerda, João Semedo, e de Bárbara Bulhosa.

Em entrevista à DW África, a editora sublinha que é preciso continuar a pressionar o Governo de Luanda. "Quanto mais pressão externa existir sobre o regime angolano mais protegidos estão estes presos", diz. "Nós não os podemos deixar cair no esquecimento como se deixa cair tantos presos políticos pelo mundo. Acho que a nossa obrigação enquanto portugueses, que estamos tão perto de Angola em tantas coisas, é de facto indignarmo-nos e mostrarmos o nosso total repúdio pela existência de presos políticos."

Marcolino Moco destaca "situação caricata"

Ao grupo, com uma lista longa de apoiantes, juntou-se o historiador português José Pacheco Pereira. "A existência de presos políticos e de presos de opinião é inaceitável para quem gosta da democracia", afirma. "Depois, Portugal é um país que tem uma relação pouco sadia com Angola. Há demasiados interesses económicos, há demasiadas cumplicidades. Há demasiada gente que circula entre as elites dos dois países, e isso significa muitos silêncios incomodados. Portanto, isso é uma razão suplementar para se protestar."

Entre os participantes na sessão pública, que contou com a presença de vários cidadãos angolanos, esteve Marcolino Moco.

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À Lusa, o ex-primeiro-ministro disse ser "caricato" que o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, tenha fugido da repressão colonial portuguesa para liderar um Estado que hoje "reprime também jovens" que lutam pela democracia.

Ao longo da noite de 5 de maio, foram feitos na capital portuguesa vários pronunciamentos contra o silêncio sobre o que se passa em Angola e em apoio aos ativistas angolanos. "O caminho é longo", afirmou a eurodeputada do Bloco de Esquerda, Marisa Matias. "Não os abandonaremos até que seja feita justiça", afirmou outro interveniente.

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