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"Ataques não prejudicam o investimento em Moçambique"

8 de junho de 2018

Segundo o ministro da Indústria e Comércio de Moçambique, apesar dos últimos acontecimentos, o país continua a atrair investimento estrangeiro não só na área da energia, mas também no setor do turismo.

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Destruição na sede do posto administrativo do distrito de Macomia (junho 2018)Foto: Privat

"As caraterísticas dos ataques terroristas", que se têm registado nos últimos tempos no norte de Moçambique, "parecem ser provocadas por indivíduos impregnados de ideologia". A afirmação é do ministro moçambicano da Indústria e Comércio, Ragendra de Sousa, quando questionado pela DW África se Moçambique continua a ser um país atrativo para as multinacionais do gás, como a americana Anadarko e a italiana ENI, tendo em conta os ataques justamente na zona de produção da Bacia do Rovuma.

"As mortes que estamos a ver são mortes de catana. E eu, com a morte de catana, não chamo de guerrilha. Não tem como poder ser guerrilha. São perturbações, sim", afirmou o ministro à DW África durante visita a Lisboa. Ainda de acordo com Ragendra de Sousa, os responsável por esses ataques estão baseados fora de Moçambique. "As nossas forças de segurança têm estado a tomar as medidas necessárias, mas, como sabe, a província é grande".

Mosambik Ragendra de Sousa Minister für Industrie und Handel
Ragendra de Sousa: "O Estado está a funcionar"Foto: DW/J. Carlos

Ataques e raptos

Os ataques na província do Cabo Delgado preocupam o Governo moçambicano, que considera que a solução para este problema não pode ser apenas militar. "Temos consciência do risco, mas [a solução] tem que ser militar, económica e social", ponderou Ragendra de Sousa, e as empresas não precisam de recorrer a seguranças privados.

"Não creio que, na ótica de que se aquilo é uma guerrilha, temos que contratar segurança privada, não. As nossas forças de segurança estão ao nível e com capacidade de repor a ordem e a tranquilidade. Nós o que precisamos é fazer uma ação coordenada e combinada. Trazer as populações para áreas seguras, melhorar a situação de emprego, melhorar a situação de infraestruturas. Tudo isto vai acontecer exatamente pela aplicação dos projetos", garantiu.

O governante moçambicano acrescentou que as empresas que investem na exploração dos recursos naturais moçambicanos sabem fazer a devida análise de risco quando decidem apostar no país. Mas e quanto ao rapto de empresários estrangeiros e nacionais em Moçambique, será que esta prática também está a dificultar a atração de investimentos?

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Bacia do Rovuma, no norte de Moçambique (2012)Foto: ENI East

O ministro afirmou que, "se olhar do ponto de vista histórico, os raptos estão a decrescer". "Se comparar com outros países e falando com os próprios empresários, eles continuam a dizer que Moçambique é muito mais estável. Estamos a dizer que reconhecemos, estamos a fazer o que nos compete com os recursos disponíveis que temos para estancar".

Setores prioritários

A propósito da dimensão que estão a ganhar os investimentos estrangeiros para megaprojetos na área dos recursos naturais, Ragendra de Sousa recorda que o Plano Quinquenal de Governo tem como setores prioritários a agricultura, a energia, as infraestruturas e o turismo. "Portanto, turismo é nossa prioridade. O turismo é de efeito rápido e multiplicador. No setor energético, para nós os megaprojetos são atividades que o país precisa. Nós temos que resolver o problema da balança comercial".

Porém, o ministro apontou que é preciso "resolver o problema do orçamento". Entretanto, com aumento da base produtiva do país, e a exportação de grafite, Sousa prevê a estabilidade da moeda moçambicana.

"Ataques e raptos não prejudicam o investimento em Moçambique"

Ragendra de Sousa reafirmou o interesse de Moçambique em receber mais investimento alemão. E garantiu também, na qualidade de economista, que o país vai continuar a ser atrativo. "A África Austral vai crescer 2,1% e Moçambique vai crescer 3,7%. A nossa taxa de juros caiu de 32% para 20%. Em 2020, a nossa expetativa é voltar a crescer 10% a 12%. Faltam dois anos, é só um pouco mais de paciência. O Estado está a funcionar, os projetos de investimento estão a funcionar", explicou o governante, citando dados do mais recente relatório do Banco Mundial.

O ministro adiantou que Moçambique está a fazer tudo para normalizar as relações com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o que permitirá relançar a economia e as empresas.

Ragendra de Sousa terminou esta sexta-feira (08.06) uma visita de cinco dias a Portugal, acompanhado de uma equipa que veio promover as oportunidades de negócios e de investimentos no seu país, no âmbito das grandes transformações que se têm vindo a registar na economia moçambicana nas áreas da mineração e das energias.

A missão participou num roadshow em Lisboa e no Porto, organizado pela AICEP Portugal Global e a APIEX – Agência para a Promoção de Investimento e Exportações de Moçambique. De acordo com o governante, Moçambique também quer reforçar a parceria com instituições universitárias portuguesas a pensar no desenvolvimento do seu capital humano.

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