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Argélia é importante na solução da crise no Mali

8 de novembro de 2012

Os chefes de Estados da CEDEAO, vão reunir-se no domingo (11.11), em Abuja, na Nigéria, para adotar oficialmente o “conceito estratégico de intervenção”, elaborado pelos especialistas internacionais.

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Combatentes armados no norte do MaliFoto: Reuters

Durante quase uma semana peritos militares de África, das Nações Unidas e da União Europeia discutiram na capital do Mali, Bamako, uma solução para a crise no norte daquele país. Na terça-feira (6.11) os ministros da Defesa e os chefes militares de vários Estados do oeste africano falaram dos planos para o futuro. Os Estados-membros da CEDEAO, concordaram em fornecer soldados e forças de segurança para uma intervenção militar. Na mesa de negociações esteve também o representante do país vizinho, a Argélia, que apesar de não pertencer à CEDEAO poderá ter um papel importante para a resolução da crise no Mali.

O Mali tem uma fronteira com mais de 1.300 quilômetros com Argélia, ou seja, diretamente no território ocupado no norte do Estado saheliano. Simplesmente, a extensão da fronteira faz da Argélia um importante parceiro para negociações. A Argélia tem também um exército bem equipado e experiente na luta contra islâmicos no seu próprio país. Os especialistas concordam que sem o apoio da Argélia o conflito no Mali não poderá ser resolvido.

Argel sempre defendeu uma solução política para a crise no Mali

Região do Sahel
Região do Sahel

Mas é precisamente aqui que começam as dificuldades porque a Argélia rejeita a planeada intervenção militar no país vizinho. O cientista político e perito em assuntos do Médio Oriente Asiem El Difraoui dirige um projeto de pesquisa sobre o Médio Oriente no Instituto de Berlim para a política de comunicação social e explica a posição da Argélia ao afirmar que "isso é bastante ambíguo: por um lado, os argelinos temem ser arrastados para um conflito internacional, que não se sabe quanto tempo vai durar. Por outro, seria naturalmente muito prático para os argelinos contribuirem para o fim da AL Qaeda no Magreb Islâmico (Aqmi) através de uma intervenção militar".

A Aqmi, é um dos grupos que ocupam o norte do Mali desde abril de 2012. Os outros são a Unicidade e a Guerra Santa na África Ocidental ( MUJAO) próximo da Al Qaeda, e o “Ansar Dine” (Defensores do Islão, em Árabe).

A Argelia já tinha exercido um papel importante no desmantelamento de anteriores rebeliões Tuaregues no norte do Mali, como afirmou em entrevista à DW Gilles Yabi da organização não-governamental “International Crisis Group” para a África Ocidental. "Na atual crise, há uma ligação entre a Argélia e o ‘Ansar Dine’. O grupo é liderado por um Tuaregue, Iyad Ag Ghali, uma pessoa que as autoridades argelinas conhecem. Ele já desempenhou um papel importante num acordo de paz concluído na Argélia e com a mediação argelina. A Argélia é competente nestes assuntos, mas também entendemos as preocupações em relação à segurança."

Na atual crise, a Argélia pode assumir novamente um papel de mediador?

O envolvimento da Argélia é importante para a solução da crise no Mali
O envolvimento da Argélia é importante para a solução da crise no MaliFoto: DW

Uma das razões que leva a Argélia a rejeitar uma intervenção militar é o papel da França no processo, já que o país europeu é a antiga potência colonial da Argélia e do Mali e conduziria a intervenção militar. O cientista político El Difraoui recorda que “os argelinos tiveram uma guerra de independência muito sangrenta contra a França e que até hoje existe uma grande animosidade contra a antiga potência colonial. E é claro que para os argelinos é difícil cooperar com militares franceses.”

Um contraponto poderia ser o facto de a secretária de Estado norte-mericana Hillary Clinton ter apelado ao apoio da Argélia. Recorde-se que numa visita ao país Clinton pediu ao presidente argelino Abdelaziz Bouteflika para apoiar uma intervenção militar no norte do Mali. Isso poderia ser uma oportunidade para a Argélia considerar o processo como uma iniciativa norte-americana e não francesa e talvez concordar com a ação.

Para os analistas, o certo é que uma intervenção militar no norte do Mali vai ocorrer com ou sem o apoio da Argélia.

Autor: Frederike Müller/Carla Fernandes
Edição: António Rocha

Argélia é importante na solução da crise no Mali