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Angola: Trabalhadores queixam-se dos baixos salários

Azevedo Pacheco
30 de abril de 2018

Esta terça-feira, 1º de Maio, assinala-se o Dia Internacional do Trabalhador. E, em Angola, os trabalhadores esperam melhores dias: mais emprego e mais oportunidades para seguirem os seus sonhos.

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Kwanza, moeda angolanaFoto: DW/V. T.

António Fernandes vai passar o Dia do Trabalhador a trabalhar. É feriado, mas Fernandes é vigilante num minimercado em Luanda, a capital, e só tem um dia descanso por semana, ao sábado.

"É muito difícil, sem falar da parte do "boss", é muito complicado. Sinto que não tenho os meus direitos. Só de saber que a questão do emprego está mesmo muito mal, não tenho como largar este emprego e arranjar outro", desabafa António Fernandes.

Jovens mais afetados pelo desemprego

Luanda Leben in Sao Paulo Verkäuferinnen
O mercado informal é a alternativa para muitosFoto: DW/C. Vieira Teixeira

Angola tem uma taxa de desemprego de 20%, segundo dados publicados no ano passado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Os jovens são os mais afetados.

António Fernandes diz que gostava de ter a própria empresa, mas o risco é grande em tempos de crise económica e ele tem uma família para sustentar: "Eu sou pai de família e consigo atender minimamente a minha mulher - o mínimo, porque o salário também é mínimo. Quanto eu compro uma coisa, falho na outra. O meu valor não dá para fazer tudo o que quero num só mês. Antes era melhor."

Outro residente, Cheich Dukara, também diz que gostava de ter a sua empresa, mas está a viver momentos muito difíceis por causa da crise económica e financeira que atinge o país desde 2014.

Dukara trabalha num mercado informal e conta que "às vezes há cliente, às vezes não tem cliente. Este tempo de crise é muito difícil. É muito difícil mesmo. […] O Governo tem que nos ajudar. O produto tem que baixar, porque os negócios, se você está a vender caro, os clientes não compram. Nós compramos caro, também vendemos caro. Não temos muito lucro. Como é Dia do Trabalhador, é o nosso dia, nós todos temos de sair para nos manifestarmos, para exigir melhores salários."

Luta por direitos

Angola: Trabalhadores queixam-se dos baixos salários

Guilherme António é taxista há oito anos e diz que, no 1º de Maio, os trabalhadores devem reivindicar os seus direitos.

"E nós também devemos reclamar, porque devemos ter um direito, os taxistas, têm que ter um direito como qualquer outra profissão. E nós estamos a lutar por isso", diz o taxista.

Guilherme António refere que os taxistas não ganham o que merecem e que, para mudar a situação, é preciso uma reviravolta na economia. Porque se houver empregos e se as empresas tiverem bons resultados, os clientes nos táxis também aumentam.

"Há muitos trabalhadores que ficaram desempregados e nós dependemos dos empregados, também dos alunos e de outras mães que vendem. Quanto mais desempregam pessoas, mais baixas a gente tem", queixa-se Guilherme António.

Os trabalhadores dizem que, neste Dia do Trabalhador, uma das coisas que é preciso em Angola é mais empregos. Outra coisa é estabilidade e condições para concretizarem os seus sonhos.