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Angola: Queixas em surdina contra a crise económica

9 de outubro de 2017

Os angolanos parecem já falar muito pouco sobre a crise económica e financeira, mas os problemas continuam todos os dias. Será que se habituaram? Ou a situação melhorou?

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Foto: DW/C. Vieira Teixeira

Angola continua a sofrer com os preços baixos do petróleo no mercado internacional, a principal fonte de sustento da economia. A crise começou em 2015 e ainda não terminou, provocando uma escassez de divisas e a subida de preços dos principais produtos. Mas, nos últimos tempos, estes problemas parecem ser cada vez menos tema de conversa nas ruas, nos bares ou nos táxis de Luanda. Será que os angolanos se habituaram aos efeitos da crise?

Yuri Abrão, residente na capital, afirma que não. Segundo ele, não se fala sobre essas coisas porque reina a cultura do medo na sociedade angolana.

"Ainda não há liberdade na totalidade", comenta. "Colocaram uma barreira psicológica na mente dos angolanos. Alguns deles estão privados de falar sobre o que sentem, sobre as suas condições de vida, porque em Angola alguns são presos soltos."

A crise não acabou, salienta Dionísio Ângelo, morador da periferia de Luanda - prova disso são os salários em atraso dos trabalhadores da Função Pública. "Até agora, os professores e enfermeiras não ganham", diz.

Angola: Queixas em surdina contra a crise económica

Incertezas da crise

Yuri Abrão não sabe, por exemplo, como será o seu próximo Natal. "Saímos agora de uma eleição; outro Presidente assumiu o poder e não sabemos como será daqui a alguns meses", afirma.

Esta será a primeira celebração natalícia sem José Eduardo dos Santos no poder e a primeira de João Lourenço como Presidente da República. Com o aproximar da quadra festiva, muitos angolanos já fazem contas à vida - até porque nessa época costuma haver especulação de preços no mercado informal.

Otimista, Simão Alberto Miguel, outro residente de Luanda, espera que o preço dos produtos volte a baixar, para que se possa festejar o Natal como antigamente. Pelo menos, o saco de arroz está mais barato, refere: passou de dez mil para cinco mil kwanzas (cerca de 25 euros). E "isso já é muito bom", conclui.

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