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Angola e São Tomé e Príncipe reforçam cooperação

31 de janeiro de 2012

O presidente de São Tomé e Príncipe, Manuel Pinto da Costa, termina esta terça-feira (31.01) uma visita de dois dias à capital angolana. Os dois governos dizem ter reforçado a cooperação e a amizade entre as duas partes.

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Os assuntos abordados durante a visita de Pinto da Costa foram mantidos no segredo dos deuses
Os assuntos abordados durante a visita de Pinto da Costa foram mantidos no segredo dos deusesFoto: picture-alliance/dpa

O chefe de Estado são-tomense entrou quase calado em Angola e até ao final da visita pouco foi divulgado sobre a agenda da visita. Sabe-se, no entanto, que as relações entre Angola e São Tomé e Príncipe estão cada vez mais próximas e a presença de Luanda em empreendimentos no arquipélago também tem aumentado, embora as ligações entre os dois países se estendam a outros níveis.

Segundo o economista angolano Heitor Fernando, São Tomé e Príncipe tem sido considerado, já há muito tempo, como “mais uma província de Angola” e existem “ligações fortes” com a classe dirigente em São Tomé. O tratamento que tem sido dado ao arquipélago, sustenta, “tem sido, do ponto de vista dos governantes angolanos, um tratamento privilegiado”, nos domínios económico, político, administrativo e militar.

O site African Economic Outlook, um braço do relatório anual “Perspetivas Económicas para África”, prevê uma continuidade do crescimento económico para São Tomé e Príncipe para este ano na ordem dos 6%, suportado pelo investimento direto estrangeiro na prospecção de petróleo e pela construção de um novo porto de águas profundas.

Quanto ao posicionamento de Angola neste cenário, o economista afirma que “Angola pode perfeitamente ter relações com São Tomé e mantê-las num patamar aceitável”, sublinhando que não se trata de algo negativo.

A petrolífera angolana Sonangol comprou a empresa são-tomense de combustíveis (ENCO)
A petrolífera angolana Sonangol comprou a empresa são-tomense de combustíveis (ENCO)Foto: AP

São Tomé mais dependente de Luanda

A verdade é que São Tomé está cada vez mais dependente de Luanda. O único abastecedor de combustíveis do arquipélago é Angola e a petrolífera angolana Sonangol até já comprou a Empresa Nacional de Combustíveis e Óleo (ENCO) de São Tomé e Príncipe. A reabilitação do aeroporto e do único porto do país também está a cargo de Angola, igualmente através da Sonangol.

Um dos mais importantes investimentos que Angola pode vir a fazer é no futuro porto de águas profundas, uma vez que já perdeu para a Nigéria a futura exploração do petróleo são-tomense, prevista para 2016, lembra Heitor Fernando. “A Nigéria também é um país forte no domínio petrolífero e até produz mais petróleo que Angola”, frisa o economista.

Angola reforça presença noutros países

A presença de Angola noutros países africanos é cada vez mais notória. Na Guiné-Bissau, por exemplo, assiste-se à intervenção no domínio sócio-político. Na Guiné Equatorial está presente um contingente policial, que na edição deste ano do Campeonato Africano das Nações (CAN 2012) reprimiu adeptos à bastonada ao lado da sua congénere local. Também durante as eleições de 2011 na República Democrática do Congo, Luanda disponibilizou meios aéreos para o transporte de material logístico, entre outros exemplos.

A propósito das novas tendências da política externa angolana, Heitor Fernando considera que “não se pode apoiar os pobres doutros países, quando há centenas de milhares ou milhões de pobres no próprio país.” E apesar se ser a favor da solidariedade, o economista afirma que “não se pode perdoar dívidas a outros países quando se tem dívidas com instituições financeiras e empresas do próprio país.” Fundamental para uma “boa política”, remata, é que exista sempre “equilíbrio”.

Autora: Nádia Issufo
Edição: Madalena Sampaio/António Rocha