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Angola e Moçambique incentivam o aleitamento materno

Thiago Melo3 de agosto de 2016

No âmbito da Semana Mundial de Amamentação, promovida até esta sexta-feira (05.07), Angola e Moçambique enfatizam a importância do aleitamento materno.

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Foto ilustrativa. Semana Mundial de Amamentação quer incentivar o aleitamento logo após o parto dos recém-nascidos. Em África, região central regista um dos percentuais mais baixos do continente.Foto: Getty Images/AFP/R. Kaze

De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), 77 milhões de recém-nascidos (um em cada dois) no mundo não são amamentados nas primeiras horas após o parto. A campanha mundial, promovida pela UNICEF e a Organização Mundial da Saúde (OMS), pretende incentivar que a amamentação ocorra de forma exclusiva desde o nascimento até os seis meses de idade, com objetivo de melhorar a saúde dos bebés.

Na África Austral, dados da UNICEF revelam que o índice de aleitamento materno logo após o nascimento aumentou em apenas dez pontos percentuais desde 2000, enquanto permaneceu inalterado na África Ocidental e Central. Em 2015, a percentagem de recém-nascidos introduzidos à amamentação até uma hora após o parto variou entre 40% e 59% em países como Angola e Moçambique.

Conscientização

Das Logo und der Schriftzug der Hilfsorganisation UNICEF sind am 5. Februar 2008 an der Zentrale in Koeln zu sehen.
O símbolo do Fundo das Nações Unidas para a InfânciaFoto: AP

A Semana Mundial da Amamentação, em Angola, serve para intensificar os trabalhos de conscientização. É o que afirma a coordenadora do Núcleo de Aleitamento Materno da Maternidade Lucrécia Paim, em Luanda, Elisa Gaspar: "Com o apoio que os técnicos de saúde dão, as mães estão cada vez mais a amamentar as crianças precocemente".

Segundo a coordenadora, o aconselhamento das mães sobre a amamentação começa muito antes do parto. "Criámos o núcleo de aleitamento materno, que começa na consulta externa. A mulher grávida vai à consulta e já lhe é dito que se está bem (após o parto), o bebé já pode ir ao peito para começar a mamar".

Assim como em Angola, também em Moçambique a campanha mundial tem um caráter especial de conscientização. De acordo com o nutricionista Tomás Zaba, voluntário no departamento de Nutrição da UNICEF em Moçambique, as atividades desta semana ocorrem de forma intensa em todo o país."O objetivo principal desta campanha é dar a conhecer à população em geral a importância da amamentação exclusiva para o recém-nascido e o seu impacto, tanto ao nível individual, familiar e comunitário, assim como em todo o país," explica.

Symbolbild Adoption Afrika Lesbisches Paar
Mulher amamenta bebéFoto: dapd

Desafios

Tomás destaca que há barreiras culturais em Moçambique que dificultam o aleitamento materno, principalmente nas primeiras horas após o parto. "O leite que sai logo após o parto, chamado de colostro, é rico em fatores protetores à criança. Em muitas comunidades o colostro é visto como uma sujidade, mas a nível científico é visto como algo muito benéfico para o recém-nascido, e confere propriedades imunológicas, fatores de proteção contra doenças infecciosas," ressalta Zaba.

Nas grandes cidades moçambicanas, há outros fatores que podem prejudicar a amamentação. De acordo com o nutricionista, muitos bebés são alimentados com leite aritifical. "Nas zonas urbanas, onde temos muita gente vendendo leite artificial, e pelo poder aquisitivo das mães, muito facilmente convencem-se a poder adquirir o produto. Muitas mães que estão empregadas acabam optando em usar o leite artificial, porque acham que não têm alternativa de dar o leite do peito da mãe de forma exclusiva".Em Angola, a falta de um banco de leite humano é um dos maiores obstáculos para a melhoria dos níveis do aleitamento materno no país, de acordo com Elisa Gaspar da maternidade em Luanda. "Os bebés prematuros são obrigados a tomar leite artificial; os bebés de mães seropositivas tomam leite artifical; os bebés, que por algum outro motivo as mães venham a falecer, também tomam leite artificial. Se tivéssemos um banco de leite em Angola, não teríamos esta dificuldade, pois poderíamos dar leite materno a todos".

World Health Organization - WHO, Logo
O símbolo da Organização Mundial de SaúdeFoto: AP

Elisa Gaspar revela que um dos obstáculos para a instalção de um banco de leite no país é a captação de recursos materiais. "A grande dificuldade é conseguir alguém que nos ofereça o material para começarmos a trabalhar em banco de leite. Leite humano há bastante, que inclusive as mães têm que jogar fora, porque não têm aonde doá-lo".

Amamentação nos PALOP

Entre os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), Gaspar afirma que Cabo Verde é o que está mais avançado em infraestrutura para garantir que o aleitamento materno ocorra logo nas primeiras horas após o parto. "O que neste momento está muito avançado é Cabo Verde, pois conseguiu instalar o seu banco de leite humano, e já tem trabalhos científicos feitos".

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